Embora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda não tenha batido o martelo sobre como será o Fies em seu governo, a Cogna (COGN3), um dos principais nomes do setor de ensino superior do Brasil, acredita que faria sentido se o programa fosse focado em alunos que fazem ou querem fazer cursos EAD (ensino a distância).
A avaliação foi feita pela direção da empresa em uma reunião realizada na segunda-feira (23) com analistas do Bank of America, que distribuíram a clientes, na terça-feira (24), um relatório que resume os principais pontos da conversa, que contou com a participação do CEO da Cogna, Roberto Valério, e do diretor de Relações com Investidor, Eduardo Honzak.
No relatório, os analistas afirmam que um Fies focado em EAD é uma possibilidade “viável”.
“51% dos alunos de graduação [no setor] estão matriculados em cursos EAD; as mensalidades para cursos EAD são consideravelmente mais baratas do que para os presenciais, o que poderia otimizar os investimentos, alcançando mais alunos; e há uma aceleração de aceitação de cursos online após a pandemia”, escrevem os analistas Fred Mendes, Mirela Oliveira, Gustavo Tiseo e Lucca R. Brendim.
O Bank of America ressalta também que, para a Cogna, um Fies focado em EAD não exigiria novos investimentos pesados porque a maioria dos custos já estariam embutidos nas despesas recorrentes da Cogna, principalmente em relação ao uso da nuvem.
Lula já havia sinalizado, durante a campanha, que iria voltar a turbinar o Fies, um dos símbolos das gestões petistas passadas e que perdeu protagonismo após o impeachment de Dilma Rousseff (PT), mas o novo governo ainda não definiu quais serão as regras do programa de financiamento estudantil.
Expansão
Além disso, a Cogna ainda vê oportunidades de expansão para cidades menores, especialmente com ofertas complementares, como cursos de idiomas e técnicos, de acordo com o banco.
“Dado o já elevado nível de penetração, a próxima fase de expansão deverá ser menos agressiva”, afirmam os analistas, que falam em uma projeção de 3,8 mil polos para a Cogna para um período de dois a três anos, com foco maior em polos parceiros experientes que já conhecem a operação da empresa. Até o terceiro trimestre, a Cogna tinha 2,6 mil polos de ensino superior.
No período, a empresa amargou um prejuízo líquido de R$ 211,3 milhões, 39% maior frente ao prejuízo registrado no trimestre equivalente de 2021.
Por fim, eles dizem, a principal oportunidade de crescimento no EAD para a companhia parece ser a maturação dos polos existentes — cerca de 60% ainda não estão amadurecidos, ressaltam.
O Bank of America mantém uma classificação underperform (abaixo da média do mercado) para a Cogna, pois ainda vê uma “agenda apertada de amortização da dívida” e calcula que as ações da companhia estão sendo negociadas com um prêmio de 12% em relação aos pares, levando em consideração o múltiplo EV/Ebitda, que compara o valor da firma com o Ebitda projetado para 2023.
O banco estima um preço-alvo de R$ 2,30, uma valorização potencial de 2,7% em relação à cotação atual. Por volta de 17h30, a ação da Cogna era negociada a R$ 2,23, uma alta de 0,45%.
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