Segunda maior economia do mundo, a China decidiu cortar seus juros básicos nesta segunda-feira (22), em um movimento que era esperado por analistas em meio à desaceleração da atividade chinesa pelos lockdowns e uma forte onda de calor que afeta o país.
A taxa básica do país para empréstimos de um ano foi reduzida de 3,7% para 3,65%, enquanto que os juros para empréstimos de cinco anos foram reduzidos de 4,45% para 4,3%, segundo comunicado do Banco Popular da China.
A dúvida que fica é se a medida será suficiente para estimular o setor imobiliário chinês, que representa 25% do PIB (Produto Interno Bruto) do gigante asiático – lembrando que o país é o principal parceiro comercial do Brasil.
Mercados gringos em queda
As expectativas de que as bolsas globais iriam se recuperar, na esteira da desaceleração da inflação americana em julho, foram interrompidas cruelmente no final da semana passada, após declarações duras de membros do Federal Reserve, o banco central dos EUA, e de dados mostrando disparada da inflação na Alemanha.
O cenário de continuidade nas altas agressivas nas taxas das principais economias do mundo e o receio de uma consequente recessão mundial voltou a ser considerado provável, o que dá um tom pessimista aos mercados globais.
Por volta das 8h desta segunda, os índices americanos caíam: o Dow Jones recuava 0,90%, o S&P 50 tombava 1,14% e o Nasdaq perdia 1,49%. No mesmo horário, o Euro Stoxx 50, principal índice europeu, estava em queda de 1,32%.
Nesta semana, os investidores, que mais do que nunca estão confusos sobre os próximos passos do Fed, estarão com os olhos voltados para indicadores de atividade e de inflação americana. Na ata da última reunião, o BC americano indicou que está dependendo de novos dados para determinar o rumo da política monetária na maior economia do mundo.
Entre esses indicadores, o mais aguardado nesta semana é o PCE (índice de preços de gastos com consumo) dos EUA em julho, que é o indicador de inflação mais acompanhado pelo Federal Reserve e que será publicado às 9h30 da próxima sexta-feira (26).
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Os mercados estão ainda mais ansiosos pelo discurso, às 11h da sexta, que o presidente do Fed, Jerome Powell, fará na conferência anual de banqueiros centrais que acontece em Jackson Hole, cidade americana no estado de Wyoming.
A expectativa é que Powell fale aos seus pares e ao mundo todo suas impressões do que pode acontecer com a economia americana e global, além, é claro, de sinalizar o que pode acontecer com os juros.
Por que isso importa?
A alta de juros tende a ser má notícia para os mercados de ações. Com taxas maiores, a renda fixa costuma ganhar apelo entre os investidores em detrimento da renda variável. Além disso, juros mais altos encarecem os financiamentos das empresas, aumentando despesas e reduzindo o volume de recursos para investimento e remuneração dos acionistas.
IPCA-15 e campanha eleitoral
No Brasil, o dado mais importante da semana é o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de agosto, que será informado na quarta-feira (23) e que deve mostrar uma nova deflação com a redução do ICMS sobre combustíveis e energia e também o corte no preço dos combustíveis.
De qualquer forma, a avaliação da maior parte dos analistas é que o Banco Central já encerrou o ciclo de aumento na taxa básica de juros, a Selic, hoje em 13,75% ao ano.
A agenda eleitoral também ganha força cada vez maior, com o mercado acompanhando com lupa os discursos dos dois candidatos que polarizam as intenções de voto para a presidência da República: o atual presidente, Jair Bolsonaro, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na semana passada, Bolsonaro afirmou que garantiu já a isenção dos impostos federais PIS/ Cofins sobre combustíveis, concedida neste ano, também para 2023. Disse ainda que os funcionários públicos terão sua carreira reestruturada e reajuste salarial e que a tabela do IR será corrigida, além de garantir a permanência dos R$ 600 de Auxílio Brasil.
O ex-presidente Lula, que lidera as intenções de voto, também falou que quer isenção do IR para quem ganha até cinco salários mínimos, e prometeu reajustar a tabela anualmente. Apesar de promessas serem comuns durante campanhas, o mercado acompanha esses discursos com atenção, tentando avaliar qual o risco fiscal que se desenha para o Brasil a partir do ano que vem.
Veja abaixo a agenda com os principais indicadores e eventos dos próximos dias.
Segunda-feira
Às 8h25, o Banco Central informa o Boletim Focus, com as projeções de analistas para juros, inflação, câmbio e juros.
Terça-feira
Às 8h, a FGV divulga o IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal) até 22 de agosto.
Quarta-feira
Às 9h, o IBGE informa o IPCA-15 de agosto.
Quinta-feira
Às 8h, a FGV (Fundação Getúlio Vargas) divulga a Sondagem do Consumidor de agosto.
Às 9h30, será informada a segunda leitura do PIB dos EUA no segundo trimestre.
Sexta-feira
Às 8h, a FGV informa a Sondagem da Construção de agosto.
Às 9h30, o Banco Central divulga as transações do setor externo em julho.
Às 9h30, a secretaria de estatísticas econômicas dos EUA (BEA) publica o PCE (índice de preços de gastos com consumo) de julho.
Às 11h, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, discursa no evento anual de banqueiros centrais na cidade americana de Jackson Hole.