Cenário para guerra na Ucrânia muda e afeta papéis de Klabin (KLBN11) e Suzano (SUZB3)

Ações vinham se valorizando desde 21 de fevereiro, quando a Rússia sinalizou que invadiria a Ucrânia

Foto: Divulgação/ Klabin

As units da Klabin estão entre os poucos componentes do Ibovespa que operam em queda nesta quarta-feira (9). O recuo é motivado pela perspectiva de que a guerra entre a Rússia e a Ucrânia poderá ser resolvida por vias diplomáticas.

Os papéis da Klabin e da Suzano vinham se valorizando desde 21 de fevereiro, quando a Rússia sinalizou que invadiria a Ucrânia, porque ambas são companhias do setor de papel e celulose com menos chances de ser prejudicadas pelo conflito do que concorrentes do exterior.

Segundo o UBS, a participação da Rússia no faturamento da Klabin e da Suzano é zero – diferentemente do observado em alguns grandes nomes do setor de papel e celulose, como a International Paper, que obtém mais de 5% do faturamento no mercado russo.

Além disso, as companhias brasileiras sofreriam impactos limitados de eventuais restrições no acesso a produtos da Rússia – entre eles a madeira usada para a fabricação de celulose. De acordo com o UBS, os russos respondem por cerca de um quinto do comércio mundial deste produto, e uma potencial restrição na oferta aumentaria o preço da fibra de celulose.

Cenário de escalada na guerra mudou desde ontem

Na terça-feira (8), porém, a vantagem percebida pelo mercado na Suzano e na Klabin em relação aos pares internacionais diminuiu.

Isso porque o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou em entrevista à rede americana ABC News que o país desistiu de entrar na aliança militar da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). A declaração dele foi relevante porque esta era uma das exigências da Rússia para parar a guerra com o país.

Nesta quarta-feira (9), veio a resposta da Rússia. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país, Maria Zakharova, disse que a nação busca uma saída pacífica da guerra por meio de negociações, e negou qualquer intenção de derrubar o governo ucraniano.

O mercado entendeu as declarações como avanços dos dois países rumo a um desfecho diplomático para a guerra, que está impondo elevados custos econômicos para a Rússia e custou a vida de centenas de civis ucranianos.

Com isso, os investidores começaram a desfazer as apostas em um agravamento das sanções econômicas à Rússia e dos efeitos disso sobre os mercados – entre eles o aumento nos preços de insumos e a continuidade de restrições comerciais às empresas do país.

Falta de produtos russos

A remoção de sanções econômicas à Rússia, porém, pode demorar mais do que o fim da guerra na Ucrânia, e isso pode contribuir para os resultados de empresas de papel e celulose afastadas do conflito.

Embora não haja nenhuma sanção que impeça diretamente a Rússia de vender papel e produtos relacionados ao exterior, os bloqueios financeiros impostos ao país pelos EUA e a Europa na prática aumentam muito a dificuldade de negociar os produtos russos no mercado mundial.

O UBS aponta que a Rússia exporta papel de jornal e papéis finos não revestidos, além de material para papelão ondulado. Se as sanções perdurarem, o mercado pode ficar mais receptivo a outros fornecedores, o que beneficiaria as empresas de papel e celulose exportadoras.

A Klabin se beneficiaria menos deste cenário, porque a maioria das receitas da empresa vêm do mercado interno. A Suzano, porém, está na situação oposta, com mais de 80% da receita vindo de fora.

Isso explica a diferença no movimento das ações das duas companhias hoje. Por volta das 13h30 (de Brasília), a unit da Klabin caía 1,34%, a R$ 24,32, enquanto a ação da Suzano subia 0,05%, para R$ 57,97.

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