A perspectiva para a Bolsa brasileira continuará positiva enquanto houver expectativa de queda nos juros por aqui. A avaliação é de Frederico Sampaio, gerente de carteiras de renda variável da Franklin Templeton no Brasil.
Em carta aos investidores, ele disse que a conjuntura econômica internacional tende a favorecer o mercado local, visto que nas economias avançadas as taxas de juros, que agem como um freio à atividade econômica, ainda estão subindo – diferentemente do que acontece no Brasil.
“Os países centrais sofrem com o aperto na política monetária e com o risco de recessão. Já no Brasil esse ajuste já foi feito e a tendência é de que os juros comecem a cair em 2023”, disse Sampaio.
“Considerando o valuation atraente de nossa Bolsa e as boas surpresas colecionadas nos campos da inflação e atividade, se não houver retrocessos que ponham esse quadro em risco, o país tende a atrair investimentos estrangeiros e surfar um bom momento”, acrescentou.
Dados divulgados pelo Banco Central (BC) nesta segunda-feira (21) sugerem que o mercado ainda espera redução nos juros brasileiros, mas em ritmo mais lento.
De acordo com as estimativas colhidas para o Boletim Focus, os especialistas ainda acham que a taxa básica de juros, a Selic, terminará 2022 em 13,75% ao ano – mesmo nível em que se encontra atualmente. Para 2023, porém, a previsão para a taxa ao final do ano passou de 11,25% na semana passada para 11,50% nesta semana.
Para 2024, a expectativa é de que a Selic recue para 8,0%, e que continue neste nível em 2025.
Por que a Bolsa cai em novembro?
Para o gestor, a queda de 6,2% acumulada em novembro pelo Ibovespa é reflexo da reação do mercado ao resultado das eleições presidenciais.
Primeiro porque os investidores consideraram o resultado negativo para estatais como Petrobras (PETR4) e Banco do Brasil (BBAS3), que juntas respondem por 12% de todo o Ibovespa.
“A leitura é que haverá perda na qualidade de gestão e revisões nos planejamentos estratégicos das companhias, com objetivos políticos”, disse Sampaio.
“Na Petrobras, preocupa a possibilidade da volta dos investimentos sem retorno, que quase a levaram à bancarrota. Em relação ao BB, preocupa a volta do uso político para redução artificial de juros e a concessão de créditos sem a consideração adequada de riscos”, acrescentou.
Outro ponto negativo derivado do resultado das eleições é o receio dos investidores com o aumento das intervenções do governo no setor privado. O gestor, porém, acredita que o Congresso, mais alinhado ao centro do espectro político, deve limitar este risco.
“O mais importante da eleição seria a definição do quadro econômico para os próximos anos”, disse Sampaio. “Agora a atenção será voltada para os nomes da futura equipe, na qual as indicações iniciais apontam para um governo de coalizão mais ao centro, que buscará manter o equilíbrio fiscal na prática de mais gastos e mais impostos”, acrescentou.
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