A queda de margens anotada pelo Carrefour (CRFB3) no segundo trimestre deste ano já era antecipada por analistas, devido a promoções e investimentos para ganhos de participação de mercado. O recuo, no entanto, foi menor do que o esperado, e a ação figurava entre as maiores altas do Ibovespa nesta quarta-feira (28), um dia depois da divulgação dos resultados.
Por volta das 13h35, o papel era negociado com ganhos de 5,55%, a R$ 17,69.
A surpresa positiva do mercado não veio apenas da rentabilidade. “Os números do Carrefour Brasil no segundo trimestre superaram nossas estimativas em todas as linhas”, escreveram Thiago Macruz, Maria Clara Infantozzi e Gabriela Moraes, analistas do Itaú BBA, em relatório distribuído na manhã de hoje.
O grande destaque do trimestre, de acordo com analistas, foi o Atacadão, braço de atacarejo do Grupo Carrefour, com forte alta nas vendas. Nesta vertical, segundo o BBA, as margens foram pressionadas por um posicionamento de preços mais competitivo, mas isso foi parcialmente compensado por um aumento na demanda.
Na divisão de varejo, os números também foram positivos, com as vendas impulsionadas pelo segmento de alimentos e a rentabilidade retornando aos níveis históricos.
Nesta unidade de negócios, os esforços comerciais e um movimento de consumidores buscando opções mais econômicas diante da inflação pressionaram a margem bruta, mas a diluição de despesas, consequência das vendas fortes, limitou as perdas da margem Ebitda, que fechou o trimestre a 5,8%.
“Esperávamos uma pressão ano a ano devido aos investimentos da companhia para ganho de market share e devido aos maiores impactos no segmento de varejo pelo cenário macroeconômico mais desafiador”, afirma Guilherme Domingues, analista da Eleven, também em relatório desta quarta.
O Banco Carrefour agradou o mercado com seus resultados. Nesta divisão, a forte demanda por crédito, com crescimento anual de 22% na carteira, parcialmente compensada por um aumento nas provisões, levou a um aumento de 17% no Ebitda, para R$ 290 milhões.
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Em termos de lucro líquido, o Grupo Carrefour encerrou o trimestre com R$ 600 milhões, valor 1,3% superior ao acumulado nos mesmos três meses de 2021 – e também mais alto do que as expectativas. A XP esperava um lucro líquido de R$ 400 milhões, e o UBS-BB, de US$ 505 milhões.
Mercado acha que vale a pena comprar ação do Carrefour
Depois dos resultados, o Itaú BBA, o Bank of America, a Eleven e a Genial Investimentos reiteraram suas recomendações de compra para a ação, enquanto a XP Investimentos manteve classificação neutra, com preço-alvo médio de R$ 22,2 – o que corresponde a alta de 32% em relação ao valor do papel no fechamento de terça-feira (26), de R$ 16,76.
Se de um lado a operação de hipermercados e a inadimplência no crédito são preocupações, o BofA continua a ver o posicionamento do Carrefour no segmento de atacarejo como atrativo, especialmente em um cenário de alta na inflação de alimentos.
A Genial, apesar de se manter otimista em relação ao papel, também aponta preocupações no radar. “Vale destacar que, apesar da margem vir acima do esperado para o segmento, o Carrefour ainda precisa caminhar para melhorar sua margem Ebitda no horizonte de médio prazo”, afirmam os analistas Iago Souza e Laura Zioli.
Daqui para frente, a expectativa do BBA é que o principal catalisador para uma valorização das ações sejam notícias relativas à integração com o BIG. “A combinação do Carrefour com o BIG melhora ainda mais sua escala, cria a capacidade de acessar clientes de renda mais alta com o Sam’s a atrai talentos”, escrevem os analistas do BofA.