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Carrefour (CRFB3) amplia vendas, mas Selic fala mais alto e lucro cai no 3º tri – ação desaba 14%

Com dívida maior após aquisição do Big, taxas de juros mais altas elevaram as despesas financeiras

Foto: Shutterstock/rafapress

A varejista de alimentos Carrefour (CRFB3) pode até ter vendido mais no terceiro trimestre, mas a alta da taxa Selic, que amplia os custos de uma dívida já elevada devido à aquisição do Grupo Big, falou mais alto e derrubou o lucro registrado pela companhia no período.

Nos três meses encerrados em setembro, o Carrefour anotou lucro líquido de R$ 256 milhões, resultado 58,8% menor do que o registrado no mesmo período de 2021. O número também ficou 12% abaixo das expectativas do Goldman Sachs e 59,9% abaixo do projetado pelo Itaú BBA.

Neste contexto, as ações da companhia figuravam entre as maiores baixas do Ibovespa no pregão desta quinta-feira (10), um dia após a divulgação do balanço, recuando 13,89% por volta das 16h45, a R$ 15,75.

De acordo com Thiago Macruz, Maria Clara Infantozzi e Gabriela Moraes, analistas do BBA, a surpresa negativa se deve ao alto endividamento do grupo, maior do que o considerado nas projeções do banco.

Com a conclusão da compra do Grupo Big, em junho deste ano, a dívida líquida do Carrefour passou de R$ 9,8 bilhões no terceiro trimestre de 2021 para R$ 19,6 bilhões no mesmo período deste ano. Diante disso, com o aumento da Selic, o resultado financeiro do grupo entre julho e setembro deste ano foi negativo em R$ 741 milhões, piora de 249,4% na base anual.

Do lado positivo, os analistas destacam a expansão de 40,2% nas vendas líquidas do grupo, para R$ 26,38 bilhões, refletindo vendas sólidas tanto em alimentos quanto em outras categorias, tirando proveito da tendência deflacionária vista no trimestre.

Considerando apenas as lojas que já estavam abertas em 2021, métrica conhecida como venda nas mesmas lojas (ou SSS, na sigla em inglês), as vendas do Carrefour cresceram 10,5%.

Em termos de rentabilidade, a companhia registrou margem Ebitda ajustada de 6,4%, queda anual de 1,5 ponto percentual, pressionada pelos efeitos da incorporação do Big no braço de varejo e pelo impacto da deflação e da conversão de lojas no atacarejo, parcialmente compensados pela alavancagem operacional, resultado do aumento de vendas.

Nesta frente, o Itaú BBA aponta um sinal de alerta: os números do BIG, que registraram uma queda significativa na rentabilidade, fechando o terceiro trimestre com margem Ebitda implícita de 1,8%, contra os 5,6% anotados no trimestre imediatamente anterior.

“Ainda que reconheçamos que a divisão está em um processo de turnaround, a margem implícita de 1,8% sugere uma deterioração relevante na comparação com os números crescentes vistos em junho”, afirmam os analistas do BBA. “Este é um pilar a ser monitorado, especialmente porque alertamos que o risco de execução relacionado ao turnaroud do Big é atualmente um dos principais riscos da tese de investimento”, completam.

Outro destaque negativo do balanço foram as operações financeiras do grupo, o Banco Carrefour, que registrou uma piora nos índices de inadimplência, para 13,9%. Com isso, as despesas com provisões tiveram alta anual de 41%, levando a um Ebitda de R$ 165 milhões, baixa anual de 12%.

“Reconhecemos que o Carrefour segue em modo de integração e vemos o ritmo acelerado de conversões, o feedback sobre lojas convertidas e a reiteração do guidance de sinergias como encorajadores. No entanto, esperamos que os investidores também foquem nos resultados do banco e na leve pressão de margem do Atacadão, o que pode resultar em uma leve reação negativa do mercado”, resumem Irma Sgarz, Felipe Rached e Gustavo Fratini, analistas do Goldman Sachs.

Apesar dos números fracos, os analistas do Itaú BBA e do Goldman Sachs reiteraram suas recomendações de compra para a ação, com preços-alvo de R$ 27 e R$ 25,10, respectivamente.

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