Cada vez mais brasileiros estão atendendo ao chamado de Luiza Trajano, dona do Magazine Luiza (MGLU3), e lembrando daquele “carnezinho gostoso” na hora de financiar as compras. É o que mostra uma pesquisa da CNC (Confederação Nacional do Comércio) sobre o endividamento do consumidor.
De acordo com os dados, o número de pessoas endividadas com carnês e cartões de lojas do varejo cresceu pelo terceiro mês seguido em agosto.
No mês passado, o total de famílias com dívidas nestas modalidades alcançou 19,4%, alta de 0,5 ponto porcentual na comparação com julho e de 1,2 ponto porcentual em relação a agosto de 2021.
“A procura pelo crédito direto no varejo pelas famílias de menor renda explica a alta do indicador”, afirmou a CNC em um relatório.
No grupo composto por famílias que ganham até dez salários mínimos – ou até R$ 12.120 mensais -, o endividamento via carnês e cartões de lojas chegou a 19,8% em agosto. Isso representa alta de 1,8 ponto porcentual em relação a maio, quando o índice atingiu a mínima do ano.
Segundo a CNC, a maior proporção de endividados em carnês do varejo contrasta com a redução de 3,2% no percentual de famílias com dívidas no cartão de crédito em agosto ante maio, para 85,3%.
“As famílias estão buscando alternativas de crédito mais baratas com a elevação dos juros, e o cartão de crédito foi o tipo de dívida com a segunda maior alta dos juros médios em um ano até junho”, destacou a entidade.
Os dados mostraram também que o público masculino está mais endividado nos carnês (19,5%) do que o feminino (18,8%), e que a proporção de homens que contrataram crédito direto operado pelo varejo cresceu 2,3 pontos porcentuais em um ano, ao passo que a de mulheres caiu 1,1 ponto porcentual.
Varejo pessimista
Mesmo com os consumidores contratando mais financiamentos junto às lojas, o varejo está mais pessimista em relação às vendas nos próximos meses.
Segundo dados divulgados pelo IDV (Instituto para Desenvolvimento do Varejo), o setor acredita que o desempenho continuará recuando em relação ao ano anterior pelo menos até outubro.
Para este mês, a previsão é de queda de 1,4% nas vendas em relação a igual mês de 2021, já desconsiderando o efeito da inflação. A expectativa anterior era de estabilidade.