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Capital Economics vê desempenho fraco de ações em emergentes até fim de 2023; entenda

Queda no preço das commodities e desceleração econômica global são fatores negativos para ações de mercados emergentes, incluindo Brasil, aponta consultoria

Foto: Shutterstock

A consultoria econômica inglesa Capital Economics espera que os mercados emergentes de ações continuem tendo uma performance fraca nos próximos 18 meses, assim como os desenvolvidos, até que ocorra uma melhora do apetite dos investidores por ativos de risco. É o que aponta o economista assistente da empresa, Kieran Tompkins, em relatório divulgado nesta segunda-feira (20).

O índice de ações MSCI  de mercados emergentes cai cerca de 18% no ano até agora, uma queda menor que a do índice MSCI de mercados desenvolvidos, que recua 23%, devido à performance das bolsas de valores da América Latina.

Embora não espere que o aperto de juros pelo banco central americano (Federal Reserve) resulte em uma onda de crises graves em vários mercados emergentes grandes, como visto no passado, a Capital Economics prevê que mais problemas estão por vir para as ações desses países. Segundo a consultoria, há quatro razões para isso, listadas abaixo.

Alta de juros aumenta custo para as empresas

Em primeiro lugar, a política monetária mais restritiva deve levar a novos aumentos nos rendimentos dos títulos soberanos globalmente. Nos Estados Unidos, por exemplo, a Capital Economics espera que o rendimento do papel do Tesouro de 10 anos chegará a 4% até o final de 2022.

Como são considerados ativos  “livre de risco”, uma alta das taxas desses títulos americanos aumenta a taxa de desconto usada no cálculo do valuation das empresas, uma vez que eleva o custo de capital das companhias.

Desaceleração do crescimento global

Em segundo lugar, a consultoria espera uma desaceleração no crescimento global e no comércio mundial. “Achamos que a inflação alta irá corroer a renda real das famílias o suficiente para resultar em uma desaceleração do crescimento global. Já há sinais de que esse enfraquecimento da demanda provocará um declínio no comércio global.”

Isso representaria outro vento contrário para as ações de mercados emergentes, uma vez que as desacelerações das exportações muitas vezes andam de mãos dadas com o aumento menor ou a queda do crescimento dos lucros das empresas.

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Além disso, a mudança no padrão de consumo de bens para serviços pode ser um vento contrário para aos índices de ações da Ásia, mercados em que os exportadores de eletrônicos têm grande peso.

A desaceleração do crescimento econômico global, juntamente com a perspectiva de novas quedas no apetite dos investidores por risco, sugere que também existe margem para o aumento do prêmio de risco, afirma a Capital Economics.

Recuperação da China após lockdown será decepcionante

O terceiro fator que sustenta a visão da consultoria de que o desempenho dos mercados emergentes de ações deve continuar fraco tem a ver com a China. A Capital acredita que a recuperação econômica do país após recentes lockdowns será decepcionante.

Com isso, a empresa não vê o mercado de ações chinês, que representa cerca de 30% do índice MSCI dos emergentes, se recuperando do seu patamar mínimo atingido em maio deste ano. “O crescimento lento da economia da China também pode pesar nos mercados de ações emergentes fora da China”, aponta em relatório.

Queda dos preços das commodities

Por último, a Capital Economics espera uma queda generalizada nos preços das commodities, que têm grande peso nos índices de ações, especialmente da América Latina.

Até recentemente, o aumento dos preços dos metais industriais tem sido um grande impulsionador para o setor de materiais básicos, que representa cerca de 25% do índice de ações MSCI Brasil.

“Nossa projeção de queda nos preços dos metais industriais nos próximos anos é consistente com um recuo nas expectativas de ganhos. Além disso, nossa previsão de recuo dos preços do petróleo nos sugere que também existem riscos de queda para os mercados de ações de muitos emergentes exportadores de energia”, diz a Capital.

Melhora depende da recuperação do S&P

Olhando para a performance histórica do S&P 500 e do MSCI de mercados emergentes, a consultoria destaca que ambos os indicadores se comportam de maneira semelhante e atingiram magnitudes de quedas parecidas.

A exceção foi nos períodos do estouro da bolha “pontocom”, em 2000, e da crise financeira global em 2008, em que as ações dos mercados emergentes atingiram o fundo do poço cerca de 12 e cinco meses antes, respectivamente.

“Mas mesmo durante esses casos, nenhuma recuperação significativa ocorreu até que o S&P 500 também se invertesse. Dada a nossa previsão de que o S&P 500 permanecerá sob pressão até o final do próximo ano, achamos que os mercados de ações emergentes também continuarão sofrendo. E mesmo que alcancem um piso mais cedo, duvidamos que uma recuperação significativa ocorra até que os ativos de risco melhorem em geral”, afirma a Capital Economics.

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