BTG (BPAC11) e Banco do Brasil (BBAS3) aprofundam queda após Mercadante no BNDES – entenda

Petista, ex-ministro nos governos de Dilma Rousseff, foi confirmado por Lula como próximo presidente do banco de fomento

Foto: Shutterstock/Alf Ribeiro

As ações de dois dos maiores bancos listados na Bolsa, o BTG Pactual (BPAC11) e o Banco do Brasil (BBAS3), que já estavam em queda no pregão desta terça-feira (13), passaram a aprofundar as perdas logo após o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), confirmar o nome do ex-ministro Aloizio Mercadante para a presidência do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social).

Mercadante, um dos nomes históricos do PT, foi senador por São Paulo e chegou a atuar como ministro do governo de Dilma Rousseff em diferentes pastas: Casa Civil, Educação e Ciência e Tecnologia. O nome dele já era cotado para comandar o BNDES no governo Lula e foi confirmado pelo presidente eleito por volta das 16h.

O Ibovespa, principal índice acionário da Bolsa, também ampliou a queda após o anúncio, mas duas ações do setor bancário em especial chamaram a atenção, por motivos diferentes: o Banco do Brasil e o BTG Pactual.

Às 16h05, a ação do estatal Banco do Brasil caía 1,97%, a R$ 32,84. Minutos depois, com a confirmação do nome de Mercadante, o papel passou a recuar mais e, por volta das 16h50, anotava desvalorização de 3,84%, a R$ 32,21.

O BTG, por sua vez, operava em queda de 0,92% às 16h05, a R$ 21,58, mas, às 16h50, passou a ter perda de 3,81%, a R$ 21,95.

Para o mercado, a indicação de Mercadante para o BNDES dá sinalizações negativas para os dois bancos listados, por razões distintas.

Mercadante, que é economista, é visto pelo mercado como um representante do pensamento econômico mais heterodoxo, mais próximo do que foi o governo de Dilma Rousseff, enquanto os investidores mais otimistas acreditavam que Lula pudesse tocar um governo mais próximo ao do seu primeiro mandato, pautado pelo ajuste fiscal.

A escolha do nome dele, portanto, pode significar uma mudança significativa na gestão do BNDES, que desde o governo de Michel Temer tem sido marcada por uma postura mais discreta e enxuta.

Se Lula está disposto a mudar a rota do BNDES, algo parecido pode acontecer com o BB, temem os investidores, e uma mudança de rumo do banco estatal pode representar uma rentabilidade menor. Nos últimos trimestres, o banco estatal tem feito a alegria dos investidores, ao apresentar lucros crescentes e um retorno (ROE) em torno de 20%, digno dos bancos privados.

Já o BTG pode ser afetado de outra forma, uma vez que, enquanto banco de investimentos, é um concorrente direto do BNDES.

Nas gestões petistas passadas, o BNDES era uma instituição financeira com grande protagonismo no financiamento de obras, inclusive em outros países, em especial no período de Dilma Rousseff.

Um levantamento feito pelos analistas do Itaú BBA mostrou que, entre 2010 e 2016, a parcela de crédito dos bancos públicos no sistema financeiro passou de cerca de 40% em 2010 para quase 60% em 2016, quando Temer assumiu. Depois disso, voltou a cair para 40%.

E, caso seja de interesse do novo governo, há capital para financiar uma nova expansão.

Em um relatório publicado no início de novembro, o Itaú BBA afirmou que a saúde financeira dos principais bancos estatais (BNDES, Caixa e Banco do Brasil) é forte em diversas métricas. Eles estimaram mais de R$ 2 trilhões em capacidade de concessão de crédito, se todos os seus índices de Basileia excedentes fossem usados.

“Seria improvável que isso acontecesse de uma só vez, e ainda seriam necessários recursos para expandir o balanço, mas esse é um número significativo dentro do sistema de crédito total de R$ 5 trilhões do Brasil”, disse o Itaú BBA à época.

Segundo o Itaú BBA, a redução da participação do BNDES teve um impacto positivo na atividade do mercado de capitais (e dos bancos de investimento) nos últimos anos, abrindo espaço para atuação de instituições com o BTG.

No BTG, a carteira de crédito para grandes empresas terminou o terceiro trimestre com R$ 129,7 bilhões, alta de 33% em relação a igual trimestre do ano passado.

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