Bolsas internacionais voltam a subir após tombo provocado por surpresas de bancos centrais

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Quem acompanhou o comportamento das bolsas internacionais na quinta-feira (16) provavelmente comemorou que, no Brasil, o mercado permaneceu fechado por causa do feriado.

Ontem, os principais índices acionários da Europa e dos Estados Unidos tiveram quedas significativas, e o motivo foram novos anúncios de aumentos de juros por bancos centrais europeus.

No Reino Unido, o banco central elevou os juros em 0,25 ponto porcentual, para 1,25% ao ano, como era esperado, mas sinalizou que daqui para frente o ritmo de elevação das taxas pode ser mais intenso.

Na Suíça, o banco central local pegou o mercado no contrapé. Os especialistas previam que os juros continuariam inalterados, mas a instituição decidiu aumentar a taxa em 0,50 ponto porcentual. Com isso, a taxa de juros do país, passou de -0,75% para -0,25% ao ano.

Vale mencionar que estas decisões vieram um dia depois de o banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve, ter intensificado pela segunda vez o ritmo de alta nos juros americanos.

A alta de juros é considerada negativa para os preços das ações por dois motivos. Primeiro porque encarece financiamentos, aumentando o custo das empresas que precisam de capital para crescer e diminuindo a propensão dos consumidores a gastar. Em conjunto, estes fatores tendem a limitar ou reduzir o lucro futuro das companhias.

Em segundo lugar, juros mais altos elevam também o retorno que os investidores obtêm com investimentos na renda fixa, o que diminui o interesse do mercado na renda variável – nas ações, por exemplo.

Recuperação na sexta-feira

Hoje, no entanto, as bolsas internacionais operam em alta, com investidores aproveitando a queda recente para comprar ações por preços mais baixos.

Por volta das 9h45, na Europa, o Stoxx 600 – índice que reúne as principais empresas da zona do euro -, subia 1,39% depois de ter recuado 2,5% na quinta-feira. No acumulado do ano, o índice registra perdas de 16,6%.

Nos Estados Unidos, os contratos futuros dos três principais índices acionários – Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq – operavam em alta de 0,7% a 1,1%. Na quinta-feira, no entanto, tiveram quedas de 2,4%, 3,3% e 4,1%, respectivamente. No acumulado de 2022, o Dow Jones cai 18,2%, o S&P 500 recua 23,6% e o Nasdaq perde 32,7%.

Especialistas afirmam que, apesar da recuperação de hoje, o movimento global de alta de juros deve continuar, o que vai exercer pressão negativa sobre os mercados de ações nos próximos meses.

“Ninguém sabe até onde os juros precisam subir para resfriar a economia. Suspeitamos que vão precisar subir muito, e que o aperto monetário vai ser um desafio tanto para as autoridades quanto para os mercados financeiros”, disse o banco Nordea em um relatório.

O Rabobank disse, também em relatório, que o momento é de uma “guerra cambial inversa”, em que os países competem para ver quem consegue valorizar mais a própria moeda e, com isso, diminuir a pressão inflacionária. “Estamos revertendo o que conhecíamos como ‘novo normal'”, acrescentou.

Por que os juros estão subindo?

Quase todos os bancos centrais do mundo estão aumentando os juros para tentar controlar a inflação. Em alguns países, como nos Estados Unidos, a alta de preços está no ritmo mais intenso desde a década de 1980.

Há três motivos para essa disparada da inflação e dois deles estão relacionados à pandemia de Covid-19. A doença levou os governos – em particular o da China – a restringirem a circulação de pessoas, o que diminuiu a oferta de alguns produtos.

Isso se somou a um aumento na capacidade de consumo onde a população recebeu auxílios financeiros para passar pelo período pandêmico, e a um maior direcionamento desses recursos para a compra de bens, visto que a oferta e o consumo de serviços foram muito prejudicados pelas medidas de contenção da Covid-19.

O terceiro motivo foi o aumento nos preços do petróleo, que ocorreu após a Rússia, um dos maiores exportadores mundiais da commodity, invadir a Ucrânia e ser alvo de sanções econômicas pela Europa e pelos Estados Unidos.

Os americanos e europeus decidiram deixar de comprar o petróleo russo para enfraquecer a economia russa, mas isso aumentou a demanda em outros mercados, o que inflou os preços da commodity e, por tabela, dos combustíveis, como a gasolina e o diesel.

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