Bolsas e criptomoedas lideram ganhos em julho; alta é sustentável?

No acumulado do ano, renda variável ainda acumuma fortes perdas; analistas recomendam cautela

Foto: Shutterstock

Julho foi o mês da renda variável. Os índices de ações e o Bitcoin são o destaque do ranking de investimentos do período. O mês foi promissor, mas o investidor deve conter a animação com essas aplicações, que ainda amargam perdas significativas no acumulado do ano.

O Bitcoin, criptomoeda mais conhecida, terminou julho com alta de 16,7% (considerando o preço em reais). Entre os índices de ações, o desempenho foi favorável tanto no exterior como no Brasil.

O S&P 500 fechou com valorização de 9,1%, a maior desde novembro de 2020 e o melhor desempenho para um mês de julho desde 1939. O Nasdaq subiu 12,35%.

No Brasil, o índice que mais subiu foi o de BDRs, com ganhos de 7,65%. O Ibovespa, o principal referencial do mercado local, subiu 4,69%.

Esses desempenhos que deixam qualquer investidor feliz têm praticamente o mesmo motivador: o Fed (Federal Reserve, o banco central americano).

Na quarta-feira, o Fed elevou os juros em 0,75 ponto percentual, enquanto o mercado questionava se não seria uma alta de um ponto. Mais do que isso, a autoridade monetária americana sinalizou, na visão de analistas de mercado, que poderá reduzir o ritmo do aumento.

Isso foi suficiente para dar força para acelerar os ganhos nos investimentos de maior risco, como as ações.

“O mercado, lá fora principalmente, passou a acreditar em um aperto menos intenso por parte do Fed, uma vez que o mercado de trabalho dá sinais de desaceleração”, diz Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos.

No Brasil, avalia Komura, os investidores aproveitaram o que estava “barato”. Tanto que a alta do mês não foi suficiente para eliminar as perdas acumuladas no ano.

O Ibovespa cai 1,58% nos primeiros sete meses do ano e o índice de BDRs, 22%. No exterior, o mesmo ocorre com o Bitcoin (-52,5%) e o S&P 500 (-13,3%).

“Os investidores compraram as ações que apanharam muito [acumularam fortes quedas] recentemente. Esse movimento tende a continuar no curtíssimo prazo”, afirma.

Vale elevar a exposição em ações?

Apesar da tendência de curtíssimo prazo, Komura vê com cautela as aplicações em renda variável.

Uma das razões é que, apesar do alívio no exterior, o cenário interno ainda está incerto. A principal preocupação recai sobre as contas públicas, com o temor de um aumento de gastos para além da PEC dos Benefícios.

Para Komura, apesar da alta de julho, o Brasil não registrou melhoras estruturais que justifiquem que esse movimento perdure. “Para quem olha o longo prazo, é melhor ter cautela agora. Até as eleições, a Bolsa vai apresentar outros pontos de entrada.”

Fernando Araújo, gestor da FCL Capital, reconhece que as Bolsas em todo o mundo tiveram um bom desempenho, mas que foi um movimento mais de aproveitamento dos preços baixos.

“Muitas ações estavam com os múltiplos descontados, os preços baixos. O primeiro semestre foi ruim, então os investidores aproveitaram”, diz.

Por ser um movimento mais impulsionado pela sinalização do Fed, o gestor também recomenda cautela nos próximos meses.

E a renda fixa?

Enquanto a renda variável deve enfrentar um período de maior volatilidade, o investidor pode tirar proveito do cenário de juros elevados. A taxa Selic está em 13,25% ao ano e deve sofrer novas altas até o final do ano.

Não significa, no entanto, que em algum mês o investidor não possa tomar um susto. Nesse mês, por exemplo, o índice IMA B5+, que reúne os títulos públicos indexados ao IPCA com prazos superiores a cinco anos, registrou queda de 1,84%, segundo a Anbima (Associação Brasileira das Empresas de Mercado Financeiro e de Capitais).

Com o aumento do risco fiscal, as taxas de juros de longo prazo sofreram o maior impacto, com alta dos prêmios e queda dos preços.

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