Bolsa derrete após sinalização do BC sobre juros; Magazine Luiza (MGLU3) e Azul (AZUL4) lideram perdas

Por volta de 13h05, o Ibovespa, principal índice da B3, recuava mais de 2% e operava aos 109.939 pontos

Foto: Shutterstock

A sinalização do BC (Banco Central) sobre um “ajuste final” na Selic azedou o mercado brasileiro nesta terça-feira (6), impactando diretamente as ações de varejistas.

Ontem, durante participação na premiação Valor 1000, Roberto Campos Neto, presidente do BC, disse que um “ajuste final” na taxa básica de juros deve ser feito na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), marcada para o final de setembro, o que acabou desagradando o mercado.

Por volta das 13h05, o Ibovespa recuava mais de 2% e operava aos 109.939 pontos. Na ponta negativa, Magazine Luiza (MGLU3) liderava as perdas com um recuo de 8,10%, seguida por Azul (AZUL4), que operava em baixa de 7,68%, e a MRV (MRVE3), que caía 7,41%.

Veja as principais quedas da Bolsa nesta tarde:

Empresa Ticker Queda às 13h05
Magazine Luiza MGLU3 -8,10%
Azul AZUL4 -7,68%
MRV MRVE3 -7,41%
Via VIIA3 -7,03%
CVC CVCB3 -5,05%

De acordo com Campos Neto, o BC “não pensa em corte de juros no momento” e que “pensa em finalizar o trabalho e isso significa a convergência da inflação”.

A fala levou a uma aceleração forte na curva de juros brasileira, já que o mercado tinha precificado que o BC havia encerrado o ciclo atual, iniciado em março de 2021, com a taxa a 2% ao ano, e que a Selic se manteria em 13,75% ao ano até o início de 2023.

De acordo com dados da plataforma do TradeMap, o contrato de juro para 2023 subia 28 pontos-base, enquanto o contrato para 2025 subia 31 pontos-base e o contrato para 2028 operava em alta de 29 pontos-base.

Esse movimento de cautela por parte dos investidores foi intensificado nesta manhã, após Bruno Serra, um dos diretores do BC, apontar que a instituição deve “ficar vigilante” com as questões inflacionárias no Brasil.

“As duas falas acabam reforçando esse compromisso com a meta de inflação nos próximos anos e ressaltando uma postura de cautela com a desinflação no Brasil”, avalia o economista da Claritas Investimentos, Rodrigo Ashikawa.

Do lado positivo, a São Martinho (SMTO3) subia 1,62%, a TIM Brasil (TIMS3) ganhava 1,43%, a Suzano (SUZB3) apontava em 1,03% para cima, e a JBS (JBSS3), que operava em alta de 0,93%. O papel do IRB (IRBR3), que desabou nos últimos dias, subia 0,83% depois de uma perda acumulada de mais de 40% nos últimos dias.

Nesta quarta-feira (7), não haverá pregão na B3 devido ao feriado de Independência do Brasil. Para Ashikawa, o mercado observará de perto os compromissos oficiais do presidente Jair Bolsonaro, uma vez que o cenário eleitoral tem se mantido estável nas pesquisas.

Exterior também em queda

No exterior, os mercados, em sua maioria, operam no terreno positivo. Os investidores continuam monitorando a crise energética na Europa e aguardam a reunião de política monetária do BCE (Banco Central Europeu), nesta quinta-feira (8).

Segundo o economista da Claritas Investimentos, o mercado também aguarda novas sinalizações da política monetária dos EUA. “Vale lembrar que os dados de emprego no país semana passada mostraram um número próximo do esperado pelo mercado, o que ‘estancou’ um pouco a inflação à frente”.

Nos Estados Unidos, os mercados voltam a funcionar depois do feriado da véspera, enquanto no Velho Continente, já perto do fechamento, as bolsas operam em alta. Veja a performance dos índices:

Índice Localidade Desempenho nesta tarde
Dow Jones  EUA +0,24%
S&P 500 EUA +0,24%
Nasdaq EUA -0,11%
Euro Stoxx 50 Zona do Euro +0,42%
DAX 30 Alemanha +1%
FTSE 100 Reino Unido +0,30%

Compartilhe:

Mais sobre:

Leia também:

Mais lidas da semana

Uma newsletter quinzenal e gratuita que te atualiza em 5 minutos sobre as principais notícias do mercado financeiro.