O Ibovespa tenta resistir em terreno positivo nesta quinta (22), ainda repercutindo as decisões sobre juros no Brasil e nos Estados Unidos na véspera. Por aqui, o Banco Central (BC) interrompeu o ciclo de alta de juros, enquanto o Federal Reserve, o BC americano, aumentou em 0,75 pontos-percentuais a taxa básica.
No cenário interno, empresas ligadas a commodities metálicas se valorizavam e impulsionavam o índice, juntamente com companhias mais sensíveis aos juros, como as de educação e varejo. Por volta das 12h55, o principal índice da B3 avançava 0,15% e operava aos 112.108 pontos.
Na ponta mais positiva do índice, SLC Agrícola (SLCE3) liderava os ganhos e subia 4%. Depois dela, Cogna (COGN3) valorizava 3,65% e Yduqs (YDUQ3) apontava em 3,29% para cima.
O setor de educação é beneficiado por essa interrupção no ciclo de alta de juros pois existe uma perspectiva de alívio no poder de compra dos brasileiros. Esse fator também ajudava a impulsionar os papéis de varejistas como Renner (LREN3: +1,12%) e Grupo Soma (SOMA3: +2%).
O BC manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano na quarta-feira. A decisão não foi unânime. Os diretores Fernanda Magalhães Rumenos Guardado e Renato Dias de Brito Gomes votaram pela elevação de 0,25 ponto percentual. Os demais sete votos foram favoráveis à manutenção.
“Essa sinalização pode ser positiva para os investimentos de maiores riscos, como é o caso da Bolsa de valores. E isso vai favorecer principalmente aqueles papéis que possuem uma sensibilidades a uma taxa de juros maior, como é o caso de ações de tecnologia e de varejo, por exemplo”, afirma o líder de renda variável da Manchester Investimentos, Marco Noernberg.
Mineradoras sobem
Ações ligadas ao minério de ferro também se valorizam no dia, acompanhando uma melhora no preço da commodity no mercado externo. Depois de operar abaixo de US$ 100 por tonelada por quase duas semanas consecutivas, o preço do minério de ferro se recuperou nesta quinta-feira (22), amparado pelo aumento da produção de aço na China e pela expectativa de elevação da demanda pelo insumo.
Além disso, existe a expectativa do mercado de mais estímulos chineses para sustentar a economia do país, que vem titubeando desde a pandemia de Covid-19. Com isso, o minério de ferro negociado na bolsa de Dalian teve alta de 3,24%, cotado a US$ 101,4 por tonelada.
Nesta tarde, a Vale (VALE3) operava em alta de 1,61%, enquanto a CSN Mineração (CMIN3) tinha elevação de 1,45%. Do lado das siderúrgicas, a Gerdau (GGBR4) subia 2,20%, a Metalúrgica Gerdau (GOAU4) tinha alta de 1,63% e a Usiminas (USIM5) subia quase 2%.
Quedas do Ibovespa
O ressegurador IRB (IRBR3) liderava as perdas do Ibovespa com um recuo de 5,79%. Em documento enviado ao mercado na noite de quarta (21), a companhia informou que suas operações registraram prejuízo de R$ 58,9 milhões no mês de julho.
O número, contudo, foi menor do que o apresentado no mesmo período de 2021, quando o IRB teve perdas de R$ 97,6 milhões.
O rombo nos cofres da empresa já soma R$ 351,7 milhões de janeiro a julho de 2022, maior que o de R$ 253,7 milhões observado em igual intervalo do ano passado.
Na sequência, Magalu (MGLU3) caía 4%, CVC (CVCB3) recuava 3,34%, Weg (WEGE3) perdia 2,74% e Locaweb (LWSA3) desvalorizava 2,81%.
Bolsas internacionais de ressaca após o Fed
Se o Ibovespa ainda consegue se sustentar no positivo, os mercados internacionais não fazem o mesmo. Tanto nos EUA quanto na Europa, os investidores digerem a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
Na véspera, a autoridade monetária dos EUA elevou os juros do país em 0,75 ponto porcentual (p.p.) pela terceira vez seguida. Agora, a taxa varia de 3,00% a 3,25% ao ano. Depois do anúncio, Jerome Powell, presidente do Fed, complementou que poderá ter que aumentar a taxa de juros até 4,4% já ao final de 2022, o que deverá impactar a taxa de desemprego e desacelerar a economia local.
Em Wall Street, Dow Jones recuava 0,48%, S&P 500 perdia 1% e o índice Nasdaq desvalorizava 1,65%.
Além disso, mais cedo nesta quinta, o Comitê de Política Monetária do Banco da Inglaterra (BoE) elevou sua taxa de juros em 0,5 ponto percentual, para 2,25% ao ano. “Tomaremos as medidas necessárias para devolver a inflação à meta de 2% de forma sustentável no médio prazo, em linha com sua missão”, diz a instituição no comunicado.
O BoE também prevê que a inflação anual ao consumidor (CPI) do Reino Unido atinja pico um pouco abaixo de 11% em outubro, mas ainda acima de 10% nos próximos meses em função da alta nos preços de energia.
No Velho Continente, já perto do fechamento, o índice FTSE 100 caía 1%, enquanto tanto o DAX 30 quanto o Euro Stoxx 50 apontavam em 1,66% para baixo.