Após o forte reajuste dos combustíveis anunciado pela Petrobras na semana passada, os analistas ouvidos semanalmente pelo Boletim Focus, do Banco Central, revisaram suas projeções para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 2022 de 5,65% para 6,45%.
Com isso, a média das expectativas se afasta cada vez do teto da meta de inflação para o ano, de 5,0%. A projeção média para os juros no final deste ano também foi elevada de 12,25%, na semana anterior, para 12,75%.
Na última quinta-feira (10), pressionada pela disparada da cotação internacional do petróleo, a Petrobras aumentou a gasolina em 18,8% e o diesel em 24,9%. A invasão da Ucrânia pela Rússia e as sanções econômicas do Ocidente, com forte impacto sobre as cotações das commodities e sobre a inflação global, já vinha levando a uma bateria de revisões para cima nas projeções para inflação e juros básicos.
Os especialistas ouvidos na pesquisa também elevaram as projeções para 2023: agora, esperam uma inflação de 3,70% (a pesquisa anterior apontava 3,51%) e juros de 8,75% (contra 8,25% do levantamento da semana anterior). Para o ano que vem, a meta para o IPCA é de aumento de 3,25%, com 1,5 ponto percentual de tolerância para cima ou para baixo.
Na avaliação dos analistas, como consequência de juros mais altos no ano que vem, o PIB (Produto Interno Bruto) crescerá menos, 1,43% de alta (a estimativa anterior era de 1,5%).
Para este ano, a média dos analistas elevou a projeção para a alta do PIB de 0,42% para 0,49% e reduziu a aposta para o câmbio, de R$ 5,40 na pesquisa anterior para R$ 5,30 agora.
O que é a pesquisa Focus?
O Boletim Focus é uma publicação divulgada todas as segundas-feiras pelo Banco Central às 8h25, contendo um resumo das expectativas de mercado a respeito dos principais indicadores da economia brasileira, como taxa de juros básica, inflação, câmbio e juros.
O relatório apresenta resultados de uma pesquisa feita diariamente com as previsões de bancos, gestoras de recursos e corretoras, entre outros participantes do mercado, e faz parte do arcabouço da política monetária. O objetivo é monitorar a evolução das expectativas do mercado para as principais variáveis macroeconômicas, dando assim elementos ao Banco Central para decidir sobre a taxa básica da economia, a Selic.
O levantamento foi criado em 1999 como parte da transição brasileira para o regime de metas de inflação, no qual o BC se compromete a atuar para garantir que a variação de preços medida pelo IPCA esteja em linha com um objetivo pré-estabelecido.
Um dos propósitos do BC é exatamente ancorar (ou guiar) as expectativas do mercado financeiro. A razão para isso é que, quanto mais previsíveis forem as condições macroeconômicas de um país, menores tendem a ser as contrapartidas pedidas pelos investidores.