Banrisul (BRSR6) ou ABC Brasil (ABCB4)? Bank of America tem um preferido e explica o porquê

As duas instituições foram analisadas pelo banco americano, que distribuiu relatório a clientes

Foto: Shutterstock

O investidor que gosta de colocar o seu dinheiro em ações de bancos, mas quer diversificar, indo além dos nomes mais óbvios, como os quatro grandes listados na Bolsa (Bradesco, Itaú Unibanco, Banco do Brasil e Santander), tem alternativas entre as instituições de menor porte, como Banrisul, ABC Brasil, Banco Pan, Inter e Banco Pine.

Os dois primeiros, Banrisul e ABC Brasil, foram analisados com lupa pela equipe de analistas do Bank of America após a divulgação dos balanços do primeiro trimestre. Nesta quinta-feira (9), o banco americano distribuiu um relatório a clientes, assinado pelos analistas Flavio Yoshida e Mario Pierry, no qual elegem qual dos dois é a melhor opção para investir e explica as razões para isso.

Sem mais rodeios, é hora de ir ao que interessa. Para o Bank of America, se o investidor tiver de escolher entre um dos dois, a melhor alternativa é o ABC Brasil. Para quem não está familiarizado, o ABC Brasil é a “filial” brasileira do gringo Arab Banking Corporation, acionista controlador da instituição.

O ABC Brasil abriu capital na Bolsa em 2007 e é basicamente um banco especializado em conceder crédito para as empresas, principalmente as grandes corporações.

No primeiro trimestre deste ano, o banco teve lucro líquido de R$ 183,2 milhões, alta de 13,1% em relação a igual período do ano passado, impulsionado pelo avanço da receita com juros. A margem de lucro com os produtos oferecidos aos clientes cresceu 32,8%, para R$ 287,7 milhões.

Um dos movimentos recentes do ABC Brasil foi apostar mais no crédito para empresas médias. A carteira de crédito para empresas médias foi a que mais avançou no primeiro trimestre, a um ritmo de 28,3% em um ano. A participação na carteira total, com isso, saltou de 10,2% para 12,2%, mas ainda é a menor fatia. Atualmente, o volume de crédito concedido a grandes corporações representa 70,1% do total.

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Para o Bank of America, o ABC Brasil “continuará apresentando um sólido crescimento de receita com o aumento da exposição ao segmento médio”, apoiado principalmente por margens de lucro mais altas e maior expansão da receita com juros, uma vez que todos os empréstimos são atrelados à Selic, que tem subido desde o início do ano passado.

De março de 2021 para cá, a Selic saltou de 2% ao ano para 12,75%, em um esforço do Banco Central (BC) para conter a inflação.

O Bank of America reconhece que, com a deterioração do cenário macroeconômico no Brasil, a taxa de inadimplência do ABC Brasil tende aumentar em relação ao nível atual (de 0,6%, no primeiro trimestre), mas ressalta que a instituição tem um alto índice de cobertura (o quanto o banco possui em caixa para cobrir os créditos inadimplentes), de 444%.

“Nossa maior preocupação é com as despesas, pois a inflação está acima do esperado e o quadro de funcionários continua a aumentar à medida que a estratégia do segmento médio se expande”, pondera o Bank of America. “No entanto, a boa dinâmica da receita deve sustentar a melhoria do índice de eficiência.”

Pelas contas do banco americano, o ABC Brasil terá um crescimento do lucro líquido de 36% e 13% em 2022 e 2023, respectivamente, o que sustenta um retorno sobre capital (ROE, na sigla em inglês) em níveis acima do custo de capital próprio.

O Bank of America recomenda a compra das ações do ABC Brasil e estima um preço-alvo de R$ 24, uma valorização potencial de 48,7% em relação ao fechamento de ontem. Por volta das 12h40, a ação do ABC subia 1,45%, a R$ 16,11.

E o Banrisul?

O Bank of America não chega a recomendar venda para os papéis do Banrisul, o banco de varejo estatal do Rio Grande do Sul, mas tem uma posição neutra, o que a faz colocar a instituição em um patamar abaixo em relação ao ABC Brasil.

Segundo o Bank of America, todos os bancos de varejo brasileiro analisados apresentaram um crescimento médio de 8% na receita com juros no primeiro trimestre em relação a um ano antes. Já o Banrisul teve queda de 4%, “evidenciando sua posição fraca para entregar expansão da receita líquida”.

Para o banco americano, o esforço do Banrisul para crescer em linhas que rendem ganhos menores com juros — como crédito imobiliário e consignado — e a falta de apetite por empréstimos mais arriscados, mesmo que a inadimplência esteja sob controle (em 2,4%), têm limitado a expansão da receita líquida. De acordo com o BofA, uma essa dinâmica deve persistir nos próximos trimestres.

“(…) estimamos expansão da carteira de crédito de 24% em 2022, mas de apenas 7% para a receita líquida com juros”, destacam.

Como resultado, mesmo considerando que o custo do risco está maior, mas ainda abaixo dos níveis do pré-pandemia, o banco americano projeta lucro líquido praticamente estável em 2022 e expansão de 23% em 2023. Já o retorno sobre capital (ROE) do Banrisul deve ficar em 10% em 2022 e e 12% em 2023, estimam.

O preço-alvo do Bank of America para o Banrisul é R$ 12, valorização potencial de 20%. Por volta das 12h40, a ação do banco gaúcho subia 0,20%, a R$ 10,01.

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