O Banco Inter (BIDI11) apresentou, na manhã desta terça-feira, 11, sua prévia operacional referente ao quarto trimestre de 2021. O destaque foi o crescimento da instituição na originação de crédito, aproximando a fintech cada vez mais da operação mais lucrativa de um banco propriamente dito.
A originação de crédito somou R$ 6,1 bilhões entre outubro e dezembro do ano passado, alta de 69% em comparação ao mesmo período de 2020. Em todo o ano, o Banco Inter registrou R$ 20,1 bilhões em originação, avançando 123% em comparação aos 12 meses anteriores.
A produção de crédito para empresas avançou 90% no último trimestre do ano em relação ao mesmo período anterior, atingindo R$ 4,1 bilhões. No acumulado anual, somou R$ 11,8 bilhões, avanço de 148%.
Em menor ritmo, mas não menos importante, a originação de crédito especificamente para o setor imobiliário cresceu 32% no quarto trimestre em relação ao mesmo período de 2020, somando R$ 703 milhões. Na base anual, o aumento foi de 61%, para R$ 2,9 bilhões.
Os números do Inter mostram-se positivos em meio ao ciclo de alta da taxa de juros (Selic), que tem pressionado a demanda por financiamentos imobiliários desde meados do ano passado.
Repetidamente, o Banco Inter reforça que seu negócio está centrado em cinco áreas:
- Crédito;
- Banking;
- Investimentos;
- Shopping;
- Seguros.
Para além do crédito, todas as outras frentes tiveram desempenhos positivos, embora a base comparativa (o ano de 2020) seja relativamente fraca, quando a maior parte das atividades estava em estágio embrionário.
Rota de crescimento do ativo total do Banco Inter acompanha crescimento da carteira de crédito

Atividade bancária segue forte, mas desafio é o mesmo
No lado do banking, o Inter atingiu 16,3 milhões no final de dezembro, com a adição de 2,5 milhões no quarto trimestre — alta de 89% na comparação anual.
Segundo o relatório não auditado, o Net Promoter Score (NPS), que mede a satisfação dos clientes, em dezembro atingiu 83 pontos. Essa métrica no Nubank, principal concorrente do banco mineiro, está na casa dos 90 pontos, segundo o prospecto do IPO do roxinho.
O Inter disse que somou 679 milhões de transações via Pix em 2021, perfazendo uma participação de 8,5% no volume total de transações. O montante movimentado pela instituição financeira somou R$ 270 bilhões no período.
As transações com cartões também avançaram no quarto trimestre. O total atingiu R$ 14,2 bilhões, com crescimento de 22% sobre o reportado 12 meses antes. No acumulado do ano, foram transacionados R$ 42,9 bilhões, alta de 94%.
Por outro lado, o destaque negativo ficou para a queda no saldo médio. O Inter informou que no final do ano seus clientes tinham, em média, R$ 1,26 mil em conta. Esse número é menor que os R$ 1,45 mil reportados 12 meses antes.
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O aumento desta linha tem sido um dos desafios do Banco Inter. A procura por monetização da base de clientes passa por ter mais recursos disponíveis para aquisição de alguns dos produtos no superapp da empresa.
Do lado dos investimentos, o banco atingiu 2 milhões de investidores no quarto trimestre. Esse número representa 12% da base de clientes da instituição e cerca de metade do número de CPFs cadastrados na Bolsa, segundo o último boletim da B3.
Na área de seguros, o Inter terminou o ano com 838 mil clientes ativos em carteira, alta de 229% em relação ao fim de 2020. O número de vendas em 2021 alcançou 803 mil em 2021, avanço de 203%.
Há espaço para recuperação do Banco Inter?
Embora o operacional da instituição parece estar acelerando suas entregas, as ações em Bolsa derretem. Em sete pregões em 2022, as units BIDI11 já caem cerca de 10%, após terem fechado 2021 no vermelho.
Desempenho das units BIDI11 (verde) e do Ibovespa (amarelo) nos últimos 12 meses

Do ponto de vista de valuation, os desafios são relevantes. O mercado está menos disposto a correr riscos com empresas de alto crescimento e tecnologia como nos últimos anos – sobretudo em função da alta das taxas de juros.
O Banco Inter sofre para justificar um múltiplo preço/lucro de incríveis 400 vezes, que por sua vez é cinco vezes menor do que a média dos últimos 36 meses.
Parte do mercado ainda demonstra ter esperanças de recuperação das ações da companhia. Dados compilados pelo Refinitiv, apresentados na plataforma do TradeMap, mostram recomendações de oito analistas.
Desses, sete recomendam compra e um indica a manutenção da posição acionária. Nenhum deles acha que é hora de se desfazer dos papéis. O preço-alvo mediano aponta para R$ 60,50, um potencial de alta de 143,76%.
Por volta das 11h35, as units do Banco Inter caíam 0,70%, para R$ 24,27. A empresa vale R$ 21,04 bilhões na B3.