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O plano do Banco Inter (BIDI11) para ter 50% da receita no exterior em 4 anos

O objetivo é atingir 1 milhão de clientes na Usend, fintech americana comprada neste ano

Foto: Divulgação

O sonho americano do Banco Inter (BIDI11) não acabou. Apesar de ter suspendido a migração da listagem na B3 para a Nasdaq, que estava prevista para acontecer neste mês, a companhia mantém a ideia de internacionalizar suas atividades e, consequentemente, levar a negociação de suas ações para Wall Street.

No dia do investidor da instituição, promovido nesta quinta-feira (16), a empresa revelou metas desafiadoras para os próximos anos. Segundo o CEO, João Vitor Menin, daqui quatro anos o Banco Inter pode ter a receita dividida entre Brasil e o exterior, sobretudo Estados Unidos. A navegação por outros mares deve começar no segundo semestre de 2022. 

O crescimento no Brasil, claro, não será deixado de lado. A companhia quer fortalecer suas raízes nas cinco frentes de negócio, aumentando o engajamento da sua base de clientes, que deve terminar o ano em 16 milhões de usuários, e atingindo os não correntistas, com a “conta básica”.

Porém, os olhos do banco realmente estão voltados para o exterior. Nesta semana, o Banco Central (BC) aprovou a compra da Usend, fintech americana, pelo Banco Inter. A aquisição foi anunciada em agosto, tendo sido concluída em novembro, e foi o primeiro passo firme do banco fora do País.

Saiba mais: O que o Banco Inter perde ficando no Brasil?

De acordo com Menin, a Usend possui 150 mil clientes. A ideia ambiciosa é chegar no fim de 2022 com 1 milhão de usuários. O Banco Inter quer dar sua cara ao aplicativo da fintech em até seis meses. 

Seguindo a linha de “simplificação da vida”, com diz seu slogan, o banco mineiro quer ajudar os cerca de 60 milhões de estrangeiros que residem nos Estados Unidos, segundo o CEO, com uma solução simples e barata.

Para Priscila Salles, CMO (Chief Marketing Officer) do Banco Inter, nos últimos anos a empresa cresceu no “boca a boca” e assim também será nos Estados Unidos, com a proposta de produtos certos para clientes potenciais. 

Quanto à mudança definitiva para a Nasdaq, ficando mais próxima do mercado alvo, a instituição não deu maiores informações sobre a retomada das conversas. Helena Lopes Caldeira, CFO e diretora de Relações com Investidores, disse que a reorganização societária está em curso há bastante tempo e o banco corre para tirar o projeto do papel. 

Alta dos juros não deve prejudicar margem do Banco Inter

Em busca de controlar a inflação, o BC tem elevado a taxa de juros básica da economia (Selic) reunião após reunião. Neste ano, a taxa saltou de 2% para 9,25% ao ano, com a perspectiva de atingir os dois dígitos e assim permanecer por um bom tempo.

Poucas empresas conseguem bater de frente com um custo de capital (rapidamente) elevado dessa forma. As instituições financeiras também são atingidas. O Banco Inter, porém, diz estar em uma boa posição.

Para Menin, a margem financeira líquida (NII, net interest income) não sofre grandes riscos a partir de 2022 em função da diversificação das operações da empresa, com diferentes garantias. 

O NII demonstra o tamanho da receita reconhecida de transações que retornam juros à instituição, desconsiderando seus custos de captação, somando aos resultados de trading, realizados pela tesouraria.

Em suma, a margem financeira líquida representa a diferença entre o quanto a instituição ganha com operações de concessão de crédito e o quanto ele gasta para a captação desses recursos. 

“O aumento da taxa de juros não deve mudar o cenário do NII. Apesar do contexto macro difícil, temos uma alavancagem elevada em produtos diversos garantidos”, comentou o executivo. 

Ele faz alusão aos tipos diferentes da concessão de crédito pelo banco, como home equity (crédito imobiliário com garantia), consignado e corporativo. “Por isso a importância de ter cinco frentes em um portfólio diversificado, não focando apenas em um negócio como alguns concorrentes.”

Vale ressaltar que o banco mostrou melhora na qualidade de crédito e na cobertura do mesmo. 

A taxa de inadimplência caiu de 4,4% em dezembro de 2018 para 2,8% em setembro de 2021. O índice de cobertura saiu de 59,5% para 87,3% no mesmo período. A carteira de crédito somava R$ 16 bilhões no fim de setembro, após ter mais do que dobrado em 12 meses. 

Histórico de crescimento do ativo total do Banco Inter

Fonte: TradeMap
Fonte: TradeMap

Menin destacou que o banco tem feito um bom manuseamento do saldo em depósitos dos correntistas. No terceiro trimestre deste ano, os depósitos somaram R$ 20,3 bilhões, contra R$ 11,3 bilhões no mesmo período de 2020. 

“Mesmo em um cenário muito difícil podemos crescer com rentabilidade. Estamos muito confiantes no crescimento para os próximos anos”, comentou o CEO. 

Apesar do viés otimista, as units do Banco Inter, por volta das 13h25, caíam 3,66%, para R$ 33,69. A instituição vale R$ 29,09 bilhões na B3.

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