Um dos maiores destaques de 2021 no mercado de capitais foi a Embraer, que fechou o ano com valorização de 197%, seguida por Braskem (BRKM5), com alta de 175%, e JBS (JBSS3), com avanço de 76%.
Encerrando o ano como a maior alta do Ibovespa, o principal índice da B3, a Embraer foi impulsionada principalmente, segundo a XP Investimentos, pela retomada gradual da economia após um período mais árduo em 2020, no auge da pandemia de covid-19.
“Com as restrições da pandemia arrefecendo e o setor aéreo progressivamente apresentando retomada, as ações passaram a refletir esse maior otimismo com a retomada da indústria, com EMBR3 mostrando alta de 197% ao longo de 2021 – ou avanço de 26% frente ao ano de 2019”, analisa o especialista de bens de capital da XP, Lucas Laghi.
Mas não foi só o contexto macro que deu gás às ações da fabricante de aeronaves. Assim como divulgado na matéria especial da Agência TradeMap, a Eve, subsidiária da Embraer, também foi responsável para o bom desempenho dos papéis da companhia no ano passado.
A Eve é voltada à produção de eVTOLs, ou veículos elétricos de decolagem e pouco vertical (comumente conhecidos como carros voadores), e, segundo a XP, o desenvolvimento desta subsidiária foi um passo importante de inovação por parte da Embraer. A companhia, de acordo com a corretora, se antecipou a um amplo mercado em expansão, “o que também ajudou nas perspectivas das ações da empresa no último ano”, enfatiza Laghi.
Outro ponto levantado pelo analista é que, como a Embraer possui grande exposição às exportações, a depreciação do real em relação ao dólar também foi positiva para os números da companhia no geral.
Trajetória de alta continua…
Na visão da XP, a Embraer ainda tem potencial de crescimento de 29% até o final de 2022 por iniciativas inovadoras, como a Eve, além de uma boa sustentação do segmento de aviação executiva no curto prazo. Por isso, a corretora recomenda compra dos papéis, com preço-alvo de R$ 27,30 por ação. Hoje, por volta das 11h40 (de Brasília), as ações da Embraer caíam 1,18%, a R$ 23,44.
Além disso, o analista ressalta que a fabricante brasileira ainda se mostra descontada em importantes indicadores fundamentalistas, o que reforça seu potencial de valorização.
“Em relação ao valuation, vemos a Embraer negociando a 9,2 vezes em 2022 (EV/Ebitda), com seu prêmio de múltiplo versus a média histórica de 7,5 vezes suportado pelo potencial da sua plataforma de eVTOL – especialmente após o anúncio recente da intenção de seu IPO“.
“Além disso, ao excluir a participação acionária da Embraer na Eve, de US$ 2,4 bilhões, vemos os negócios tradicionais da empresa sendo negociados em torno de 4,5 vezes em 2022 (EV/Ebitda), o que consideramos excessivamente barato, implicando em maior potencial de valorização à medida que seu segmento de aviação comercial continua a se recuperar”, conclui Laghi.