Logo-Agência-TradeMap
Logo-Agência-TradeMap

Categorias:

Após prejuízo de R$ 2,08 bi, Gol (GOLL4) vai diminuir número de voos para se adaptar à queda da demanda; ações caem

Custos de combustíveis tiveram alta de 81,5% entre o quarto trimestre de 2020 e o mesmo período de 2021

Foto: Shutterstock

A Gol (GOLL4), que registrou um prejuízo líquido de R$ 2,08 bilhões no quarto trimestre do ano passando e tem sofrido com a persistente queda na demanda, pretende diminuir o número de voos nos próximos meses, conforme informou a companhia, em teleconferência com analistas, nesta segunda-feira (14).

De acordo com a empresa, os últimos dois meses tiveram uma média de 600 voos diários, número que vai cair para 500 nos próximos meses, em um esforço da companhia para ter uma oferta de voos alinhada à demanda.

A intenção da Gol é também diminuir a pressão sobre os custos, que já estavam sofrendo com a alta mais acentuada do dólar desde 2020 e devem ser afetados também pelo aumento do preço do petróleo no mercado internacional, que influencia o preço dos combustíveis.

No quarto trimestre, o custo por assento-quilômetro rodado (CASK) foi de R$ 23,43, alta de 16,8% em relação ao anotado um ano antes. O custo relacionado a combustíveis, diz a empresa, subiu 81,5%.

Por volta das 16h30, as ações da Gol caíam 2,77%, para R$ 13,01.

Leia mais:
Gol (GOLL4) perde fôlego com custo alto e espera lucro por ação zerado em 2022

Ao reduzir o número de voos, a Gol pretende manter em alta as taxas de ocupação dos assentos disponíveis: no quarto trimestre do ano passado, a taxa de ocupação média das aeronaves foi de 82,6%, aumento de 1,5 ponto percentual em relação aos mesmos três meses do ano anterior.

O foco, segundo a empresa, é sair da pandemia com custo unitário igual ou menor do que o registrado em 2019. Um dos principais movimentos nesse sentido é o aumento do número de aeronaves 737 MAX na frota, que consomem menos combustível, têm mais assentos e têm menor custo de manutenção.

“Para 2022, manteremos foco na transformação da frota para o 737-MAX. Prevemos que até o final do ano estarão em operação 44 aeronaves desse modelo, representando cerca de 30% da frota total. Como consequência deste processo de modernização, esperamos redução de aproximadamente 8% no custo unitário (CASK)”, explicou Paulo Kakinoff, presidente da Gol, na teleconferência.

A otimização dos níveis de utilização das aeronaves também é uma estratégia importante. Antes da pandemia de coronavírus, o indicador de horas voadas por dia girava em torno de 12 horas. No quarto trimestre, foi de pouco mais de 11 horas.

Finalmente, a gestão da companhia aponta que existe um atraso de cerca de 45 dias entre o aumento do preço do petróleo e o reajuste do valor do combustível de aviação, o que permite certa flexibilidade para elevar rapidamente os preços das tarifas e mitigar parte do impacto.

“Já estamos conseguindo, através das ferramentas da Gol e também da recuperação da Smiles, operar com tarifa maior e yields melhores para compensar uma parte desse impacto no custo”, disse o presidente.

Outro ponto que pode ajudar os resultados da companhia é o início da captura de sinergias da Smiles, incluindo a gestão unificada e dinâmica dos yields e do inventário.

Como o mercado enxerga os resultados?

Os números da Gol ficaram abaixo do esperado pelos analistas do BTG Pactual Digital, exceto a receita, que veio em linha com o que era projetado.

Apesar disso, a opinião do BTG é que os investidores devem prestar menos atenção ao balanço do quarto trimestre, visto que os números fracos já eram esperados, e focar em pontos como a gestão de liquidez e passivo, a recuperação de volumes e a dinâmica competitiva.

Na contramão, a XP Investimentos classificou os resultados como positivos, destacando o aumento de capacidade, do fator de ocupação, de desempenho de tarifas acima do esperado e da recuperação dos níveis de rentabilidade.

O que esperar para as ações?

Mesmo com o resultado abaixo do esperado, o BTG reiterou sua recomendação de compra para a ação da Gol, com preço-alvo de R$ 31, o que representa alta de 132%% em relação ao preço do fechamento da última sexta-feira (11), de R$ 13,38.

“Em um ambiente tão volátil com ventos contrários crescentes no curto prazo, continuamos a preferir empresas com maior exposição ao mercado doméstico, como a Gol, que também possui um valuation mais atraente do que seus pares locais”, diz o relatório do BTG.

O Goldman Sachs também menteve a indicação de compra sobre o papel, mas alerta que os papéis podem ser pressionados no curto prazo pelo preço dos combustíveis. O preço-alvo do banco é de R$ 24,70, potencial de alta de 85%.

A XP, por sua vez, classifica a ação como neutra. Os principais riscos para a empresa, na visão do BTG, são novas variantes de Covid-19, volatilidade no câmbio e nos preços do petróleo e impactos da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

No mercado, as posições em relação à empresa estão divididas. Segundo levantamento disponível na plataforma do TradeMap, dos 11 analistas consultados pela Refinitiv, quatro recomendam a compra, quatro estão em uma posição neutra e três indicam a venda da ação.

Compartilhe:

Mais sobre:

Leia também:

Mais lidas da semana

Uma newsletter quinzenal e gratuita que te atualiza em 5 minutos sobre as principais notícias do mercado financeiro.