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Após fuga histórica dos fundos em 2022, o que esperar de 2023? Veja avaliação da Anbima

Entidade fez balanço do setor no ano passado e ponderou que previsibilidade fiscal e perspectiva de queda de juros são necessárias para recuperação

Foto: Shutterstock/rafapress

Após registrar em 2022 a maior fuga de capital desde o início da série histórica, há duas décadas, os fundos de investimento não devem ter um alívio ao longo dos próximos meses.

A pressão dos juros altos, principal razão para a indústria ter registrado um resgate líquido de R$ 162,9 bilhões no ano passado, deve se manter presente no cenário brasileiro, ao menos para o curto prazo.

Estas foram algumas das conclusões que a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) divulgou nesta quinta-feira (5), ao avaliar o último ano e previsões para os próximos meses.

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Segundo Pedro Rudge, vice-presidente da entidade, o clima negativo deve continuar dando força para a saída dos investidores, apesar de uma forma menos intensa da registrada nos últimos meses.

“Talvez ainda veremos [a saída dos investidores] nos próximos meses, mas em um volume mais comedido”, pontua. “É difícil ter uma visibilidade de como o investidor vai se comportar, tudo é uma questão de conjuntura e apetite ao risco”.

Risco fiscal é o maior desafio

Se no ano passado o Banco Central subiu os juros para conter a alta da inflação em escala global, em 2023 a expectativa é que a Selic se mantenha pressionada pelo risco fiscal após os primeiros passos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A nova gestão tem preocupado o mercado com declarações desencontradas sobre a responsabilidade fiscal. No primeiro dia de governo, Lula prorrogou a desoneração dos combustíveis, na contramão do discurso do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que vem falando na redução do déficit previsto para 2023.

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Para Rudge, esse cenário incerto coloca dúvidas na capacidade de o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central reduzir a taxa básica de juros ainda no primeiro semestre, como era esperado até três meses atrás.

“Para esse movimento de saída de recursos dos fundos virar, a gente precisa ter um certo arrefecimento dos ânimos e uma previsibilidade melhor de qual vai ser a solução para o equilíbrio fiscal, o que o governo vai propor para substituir o teto de gastos”, explica o vice-presidente.

Normativa da CVM não deve impactar no curto prazo

O novo marco regulatório para fundos de investimento publicado pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) no fim de 2022 não deve causar impacto na indústria no curto prazo.

Mesmo assim, a Anbima viu como positiva a mudança, que inclui diversos trechos recomendados pela associação.

Segundo Rudge, uma das grandes mudanças que a normativa deve gerar é na estrutura e qualidade dos fundos, trazendo mais flexibilidade ao mercado.

Entre os principais pontos, o vice-presidente da Anbima ressaltou que a nova regra limita a responsabilidade dos cotistas. Com a medida, ele não pode mais ser chamado a colocar mais dinheiro no fundo, como ocorre hoje em dia.

“É uma novidade importante. Isso reflete potencialmente nos fundos mais agressivos, que podem ter uma demanda maior do que têm hoje”, explica.

O vice-presidente também destacou que as mudanças da CVM devem levar a novas estratégias dos fundos, beneficiando os investidores.

“Vai ser um período de adaptação, lançamento de novos produtos e adequação dos atuais”, afirmou, ressaltando que o efeito deve ser sentido entre 12 e 18 meses.

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