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Após fala de Powell, mercado vê copo meio cheio, espera alta menor de juros nos EUA e bolsas sobem

Powell sinaliza continuidade da alta de juros nos EUA, mas não descarta desacelerar ritmo e anima mercados

A perspectiva de que o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, terá mais espaço para reduzir o ritmo de alta de juros nos próximos meses ajudou a sustentar a alta das bolsas e a manter o dólar em queda frente às principais moedas.

Lá fora, o índice S&P500 fechou em alta de 2,62% enquanto o Nasdaq Composto avançou 4,06%. Já o índice Dollar Index, que mede a performance da moeda americana frente a uma cesta com as principais moedas, caiu 0,68%.

O mercado brasileiro seguiu o movimento, e o Ibovespa terminou o pregão em alta de 1,67% a 101.438 pontos , enquanto o dólar recuava 1,93% para R$ 5,25.

O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) elevou a taxa básica de juros em 0,75 ponto nesta quarta-feira (27), como esperado pelo mercado.

No comunicado, o Fed reiterou a preocupação com a inflação destacando que o aumento de juros em curso é necessário para trazer a inflação para a meta de 2%.

O presidente do Fed, Jerome Powell, disse em coletiva à imprensa que outro aumento “grande” “não usual” pode ser apropriado na próxima reunião, mas que a decisão dependerá dos dados. Ele reconheceu, contudo, que pode ser necessário reduzir o ritmo de alta de juros em algum momento.

“O presidente do Fed não descartou mais um aumento de 0,75 ponto da taxa de juros, mas achamos mais provável que ele reduza o ritmo para 0,50 ponto em setembro”, afirma Tiago Negreira, economista da Macro Capital.

Segundo Negreira, com a taxa básica de juros atingindo agora o patamar neutro indicado pelo Fed entre 2,25% e 2,50%, a autoridade monetária americana teria espaço para ir com mais cautela no aumento da taxa de juros até levá-la a um patamar “moderadamente” restritivo da atividade.

Dados do CME Group mostram que o mercado de juros futuros apontava para 59,2% de chance de o Fed subir a taxa básica de juros em 0,50 ponto em setembro.

Fed ainda não vê recessão

Powell afirmou que os dados do mercado de trabalho dos EUA ainda não indicam um cenário de recessão no país, e que a autoridade monetária trabalha com um pouso “suave” da economia.

“Mesmo com dados de atividade mais leves tanto de gastos como de produção, o mercado de trabalho está muito aquecido, com taxa de desemprego baixa e com a inflação permanecendo elevada. Além disso, a guerra entre Rússia e Ucrânia continua criando forte pressão na inflação. Então, o Fed continuará atento aos dados de inflação e possivelmente teremos mais altas”, afirma Marcelo Oliveira, CFA e fundador da Quantzed.

Para Oliveira, o Fed deve desacelerar o passo e subir a taxa de juros em 0,50 ponto na próxima reunião, marcada para 20 e 21 de setembro.

A grande dúvida do mercado é quando o Fed deve começar a cortar a taxa básica de juros no ano que vem. Na reunião de setembro, o Fomc deve atualizar as projeções para a taxa básica de juros, que em junho não apontavam para corte em 2023.

“A inflação está muito muito alta e achamos que o Fed não terá espaço para cortar a taxa de juros no ano que vem”, diz Negreira.

Já o Bank of America acredita que o Fed pode começar a cortar a taxa de juros em setembro de 2023, assim como interromper a redução do balanço de ativos diante de um cenário de recessão.

Impactos para o Brasil

Uma postura mais cautelosa do banco central americano no aperto da taxa de juros pode favorecer o Brasil e reduzir a pressão de alta do dólar frente ao real, avalia o economista da Macro Capital.

A tendência do câmbio, contudo, deve ser ditada mais pelos fatores domésticos como eleição e a definição do novo arcabouço fiscal no próximo governo, avalia o economista.

Um câmbio mais favorável também abria espaço para o Banco Central interromper o ciclo de alta de juros, que foi antecipado no Brasil. Contudo, o comportamento da inflação ainda vai depender do preço das commodities, especialmente do petróleo e dos alimentos, e também da atividade global, diz Negreira.

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