Americanas: as ações LAME3 e LAME4 dão adeus ao mercado na segunda; veja o que muda

Maior benefício para a nova companhia será uma estrutura societária mais clara, dizem analistas

Foto: Divulgação

Com a incorporação da Lojas Americanas pela Americanas (AMER3), as ações da primeira, LAME3 e LAME4, deixarão de ser negociadas na Bolsa de valores na próxima segunda-feira (24).

A transação, anunciada em novembro de 2021, ocorreu depois de uma outra reestruturação, quando a operação física do universo Americanas foi incorporada pela B2W Digital, que passou a ser denominada Americanas, enquanto a Lojas Americanas permaneceu na qualidade de holding.

À época, relembra relatório do braço de investimentos do Banco do Brasil (BB-BI) distribuído em novembro, o mercado não recebeu bem as mudanças, uma vez que a estrutura mantinha uma holding e havia a separação entre as ações ordinárias e preferenciais.

Agora, com a nova proposta, a reação dos analistas foi boa. A interpretação é de que a companhia terá como principal benefício a simplificação da sua estrutura societária.

“A transação ora corrente visa, nesse contexto, simplificar a governança corporativa da Americanas, extinguindo a figura de holding ainda existente. Com isso, entendemos que as principais vantagens dessa reestruturação consistem em tornar a estrutura societária de Americanas mais clara ao investidor”, diz o relatório do BB-BI.

Outro ponto positivo será o aumento de liquidez do papel, visto que a nova base acionária da Americanas será uma combinação das duas anteriores. Isso, por sua vez, pode ser um catalisador para a valorização das ações, na análise de Alexandre Achui, head da mesa private de ações e sócio da BRA.

A equipe de analistas da XP Investimentos também vê a transação como positiva, de acordo com relatório publicado na quinta-feira (20), “uma vez que a operação melhora os padrões de governança da empresa, elimina o desconto de holding presente em LAME3 e LAME4, aumenta a liquidez de AMER3 e reflete uma relação de troca favorável aos acionistas minoritários”.

Como fica a estrutura acionária?

De acordo com o fato relevante publicado pelas companhias em novembro, quando a transação foi anunciada, o patrimônio da Lojas Americanas é composto apenas por ações da Americanas. Assim, as companhias não precisaram negociar uma relação de substituição.

O processo prevê o cancelamento das ações da Americanas detidas pela Lojas Americanas, e o recebimento de 0,185982 ação ordinária da Americanas para os titulares de cada ação da Lojas Americanas.

Na visão da equipe de analistas da XP Investimentos, a relação de troca, que tem como base preços de mercado, beneficia os acionistas minoritários.

Com isso, a estrutura acionária da nova empresa passará a ser a seguinte: 29,3% dos papéis serão detidos pelo então acionista controlador, que passará a ser acionista de referência, e 70,7% dos papéis estarão em circulação no mercado. Com isso, a Americanas irá se tornar uma empresa de capital pulverizado, sem um controlador, o que o BB-BI considera positivo.

Dessa forma, ressalta a XP, a empresa se torna um Corporation (empresa sem grupo controlador) e passa a ser listada no Novo Mercado, o mais alto nível de governança da Bolsa.

A reestruturação prevê ainda a inclusão de uma cláusula de poison pill no estatuto social da nova empresa, limitando a aquisição de ações para cada acionista, com o objetivo de dificultar aquisições hostis. A cláusula determina que, caso qualquer acionista alcance uma participação maior que 15%, ele deverá fazer uma oferta pelo restante por um preço acima do preço da ação.

O que esperar para as ações?

Ainda que os papéis da Americanas tenham recuado 61,2% nos últimos 12 meeses, a visão do BB-BI é que a desvalorização foi causada por fatores macroeconômicos que impactaram o setor, e não por fatores internos da companhia. Os principais motivos por trás da baixa, segundo o banco, foram a inflação acima do previsto, os juros em patamares contracionistas, o acirramento da concorrência em e-commerce.

O banco aponta, no entanto, que a Americanas registrou um desempenho inferior ao de seus pares no primeiro semestre de 2021. “Apesar disso, entendemos que a companhia vem trabalhando para entregar rentabilidade aos seus acionistas por meio de diversas iniciativas em andamento para ganho de alavancagem operacional e captura de sinergias em decorrência da combinação dos negócios com a Lojas Americanas”, diz o relatório do banco.

Mesmo que a transação não deva causar alterações operacionais, na visão do BB-BI, as ações da Americanas devem reagir positivamente justamente devido à maior clareza na estrutura acionária.

Na opinião de Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, a reestruturação pode, sim, ajudar as operações. “Agora tudo fica mais simples, temos somente a AMER3 que possui as operações de e-commerce e das lojas físicas. Desta forma é melhor para a empresa conseguir integrar o online com o offline, ou seja, avançar no onmichannel”, explica o analista.

Com isso, o BB-BI mantém sua recomendação de compra para a ação da Americanas, com preço-alvo de R$ 75,30 para o fim de 2022, o que representaria alta de 120,3% em relação ao preço do fechamento de quinta-feira (20).

A XP, por sua vez, tem classificação neutra sobre o papel, devido aos desafios impostos pelo aumento da concorrência e pela deterioração macroeconômica, com preço-alvo de R$ 45, potencial de alta de 31,65%.

Por volta das 17h desta sexta-feira (21), a ação era negociada em alta de 1,96%, a R$ 34,85.

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