Ações caem no exterior à espera de conflito mais longo entre Rússia e Ucrânia

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam em baixa, diante da preocupação dos investidores com a intensificação do conflito entre a Ucrânia e a Rússia.

O Dow Jones caiu 0,49%, enquanto o S&P 500 teve queda de 0,24%. O Nasdaq Composto foi a exceção, subindo 0,41%, impulsionado pela alta nas ações da Tesla (7,4%) e de ações de empresas de cibersegurança. Em ambos os casos, os movimentos são derivados do conflito entre russos e ucranianos – a Tesla seria beneficiada pela maior demanda por veículos elétricos, diante do aumento nos preços do petróleo, e as empresas de cibersegurança seriam mais demandadas diante da possibilidade crescente de o conflito passar para a arena virtual.

No acumulado de fevereiro, todos os índices acumularam perdas de pouco mais de 3% – Dow Jones (-3,5%), S&P 500 (-3,1%) e Nasdaq Composto (-3,4%).

Na segunda-feira passada (21), a Rússia reconheceu duas regiões separatistas da Ucrânia como estados independentes e começou a enviar tropas ao país vizinho. O presidente russo, Vladimir Putin, disse inicialmente que o objetivo era manter a segurança nos territórios “independentes”, mas logo demonstrou que pretendia ampliar a invasão para mais regiões.

As forças da Rússia estão cada vez mais perto de Kiev, a capital da Ucrânia, e segundo notícias divulgadas por agências internacionais e veículos de imprensa do exterior, enfrentam forte resistência do exército ucraniano, que por sua vez tem recebido cada vez mais ajuda internacional na forma de dinheiro e armamentos – fator que pode prolongar o conflito militar.

Além disso, Estados Unidos, União Europeia e Reino Unido intensificaram as sanções econômicas à Rússia. No fim de semana, o grupo de países decidiu excluir bancos russos do Swift – um sistema usado pelo setor bancário para fazer e receber pagamentos internacionais, e que opera sob jurisdição da Bélgica. A expectativa é de que isso impeça as transações de boa parte do sistema bancário russo com o exterior.

A outra medida foi limitar a capacidade do banco central da Rússia de usar os mais de US$ 600 bilhões em reservas internacionais para defender a moeda local, o rublo.

A Rússia sentiu a pressão e, para se defender das sanções, mais que dobrou a taxa básica de juros do país – que aumentou de 9,50% para 20% ao ano -, além de anunciar controles de capital para evitar a fuga de moeda estrangeira. Também adotou medidas para lidar com uma corrida aos bancos que deixou o sistema bancário do país com “déficit de liquidez” – ou seja, incapaz de honrar o compromisso de devolver depósitos aos correntistas

Delegações da Ucrânia e da Rússia reuniram-se nesta segunda-feira (28) para uma primeira rodada de negociações em Belarus. Os ucranianos querem um cessar-fogo, e os russos querem garantias de que a Ucrânia não entrará na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Após o encontro, as autoridades disseram que vão se reunir novamente nos próximos dias.

“Achamos que grande parte do rali de sexta-feira foi baseado na premissa de que o ataque russo terminaria rapidamente e portanto traria prejuízos limitados à economia global”, disse o banco americano Brown Brothers Harriman em nota aos clientes. “Dado o que aconteceu no fim de semana, isso era claramente otimismo demais”, acrescentou.

“O Ocidente preparou uma rodada de sanções duras que tornam difícil Putin não retaliar. No fim das contas, ainda estamos nos dias iniciais desta crise e os mercados devem se preparar para um período estendido de volatilidade elevada”, disse o banco.

A mudança na perspectiva de duração do conflito também fez as bolsas europeias fecharem em baixa. O Euro Stoxx 50, que reúne ações de empresas da zona do euro, caíram 1,1% hoje. A bolsa da Alemanha caiu 0,7%. No acumulado de fevereiro, ambas caíram mais de 7%. A bolsa de Londres recuou 0,42% nesta segunda-feira, e no acumulado do mês perdeu 1%.