O Ibovespa começou fevereiro com o pé esquerdo e opera em queda nesta quarta-feira (1º), refletindo o tombo em bloco de papéis ligados a mineradoras e siderúrgicas após a Vale (VALE3) reportar na noite de ontem resultados abaixo do esperado.
O clima de tensão é reforçado pela “Superquarta”, com investidores à espera da divulgação dos próximos passos da política monetária no Brasil e nos Estados Unidos. Aqui, é dada como certa a manutenção da taxa básica de juros em 13,75% ao ano, enquanto no cenário americano é esperado novo aumento de 0,25 ponto base.
Por volta das 13h20, o principal indicador da Bolsa brasileira operava com queda de 1,36%, aos 111.893 pontos, segundo dados disponíveis na plataforma TradeMap.
A Vale, companhia com maior peso no mercado, recuava 2,46%. A aversão aos papéis hoje, traduz a expectativa dos analistas de mais dificuldades a serem enfrentados pela companhia no curto prazo, apesar de as projeções para 2023 ainda estarem no campo positivo.
A empresa viu a produção de minério de ferro cair 1% no quarto trimestre do ano passado em comparação a igual período anterior, para 80,8 milhões de toneladas, mostra relatório publicado na terça-feira (31).
Saiba mais:
Com o resultado dos últimos três meses, a Vale terminou 2022 com uma produção de 307,7 milhões de toneladas, uma queda de 1,6% em relação a 2021. O número ficou abaixo da produção prevista para o ano, que era de 310 milhões de toneladas.
O desempenho negativo arrasta junto outras empresas expostas ao minério de ferro. Na mesma hora, CSN Mineração (CMIN3) caia 0,56%, enquanto Gerdau (GGBR4) e Usiminas (USIM5) cediam 2,66% e 0,80%, nesta ordem.
Em nota, a XP destacou que o desempenho da Vale deve superar as recentes quedas nos próximos meses. Apesar do otimismo, a corretora vê com cautela o recente rali do minério de ferro, que subiu em sequência com a expectativa de retomada das atividades na China.
“Vemos esses resultados como um pouco negativos, mas bons preços devem salvar o trimestre”, pontuaram os analistas da XP.
Nesta quarta, porém, a commodity negociada no porto de Dalian registrou queda de 0,69%, cotado a US$ 125,85 a tonelada.
Destaque também para queda da Magazine Luiza (MGLU3), com tombo de 2,94% em um movimento de correção após a sequência de altas nos últimos dias.
Na ponta negativa, o grupo era puxado pela Ambev (ABEV3), que caia 4,25%, seguida por Telefônica Brasil (VIVT3) e Raízen (RAIZ4), com perdas de 3,83% e 3,65%, respectivamente.
Altas do dia
A ponta positiva era liderada pela Marfrig (MRFG3), com valorização de 6,49%. Logo depois aparecia BRF (BRFS3), com valorização de 4,77%. Ontem, o CEO da companhia, Miguel Gularte, afirmou, em evento do Credit Suisse, que espera um aumento da demanda com a reabertura da economia chinesa após dados preliminares apontarem o retorno do consumo e de trânsito de pessoas a um patamar pré-pandemia.
De acordo com ele, a China é o principal foco das exportações da BRF. Gularte declarou que a empresa fez investimentos durante a pandemia e está preparada para abastecer o gigante asiático. “Estamos prontos para esse momento e vamos capitalizar as vantagens que temos com duas marcas ícones: Sadia e Perdigão”, disse.
Ainda no grupo de altas, São Martinho (SMTO3) e Meliuz (CASH3) ganhavam 3,28% e 1,80%, nesta ordem.
Retorno do Congresso
No cenário doméstico, investidores mantêm as atenções para a abertura do ano no Congresso Nacional, com eleições para presidência de ambas as casas e negociações para definir o comando das comissões.
Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, destaca que o encaminhamento dos presidentes da Câmara e Senado será determinante para medir a governabilidade da União, sobretudo diante de matérias mais polêmicas.
“Apesar de um favoritismo, se tem certas dificuldades de precificar a margem de vitória, composição das mesas que daria governabilidade para os próximos anos para pautas importantes, como novo arcabouço fiscal, reforma tributária, entre outras”, pontuou.
Mercados globais
As principais Bolsas internacionais operam no campo negativo com as atenções voltadas à divulgação da nova taxa de juros pelo Fed (o banco central americano). A expectativa é de novo aumento, que levaria os juros para o teto de 4,75% ao ano.
As atenções, porém, estarão voltadas aos detalhes do tom das autoridades monetárias. Uma percepção mais dura deve impactar negativamente o mercado, já que sinaliza mais pressão dos juros na maior economia do mundo, diminuindo a atratividade da renda variável.