Maiores altas e baixas do Ibovespa na semana

Fonte: Shutterstock/Alf Ribeiro

A semana de 17 a 21 de novembro foi marcada por indicadores mistos no Brasil, com o IBC-Br mostrando retração de 0,20% em setembro, reforçando sinais de desaceleração da atividade, especialmente na indústria e nos serviços. Embora o agro tenha registrado alta mensal de 1,50%, a fraqueza nos demais setores reforçou expectativas de um PIB moderado. No noticiário corporativo e financeiro doméstico, o clima também foi impactado pela liquidação extrajudicial do Banco Master, que elevou a percepção de risco no setor e adicionou volatilidade aos mercados.

Nos Estados Unidos, o mercado reagiu à divulgação atrasada do relatório de empregos de setembro, que mostrou criação de 119 mil vagas, acima do esperado, mas acompanhado de uma taxa de desemprego em alta, para 4,40%. O episódio do shutdown gerou uma lacuna estatística inédita, já que os dados de outubro não serão publicados e parte deles só aparecerá no relatório de novembro, após a última reunião do Fed do ano. A ausência de informações completas elevou a incerteza sobre os próximos passos da política monetária americana, reduzindo a probabilidade de novos cortes de juros em dezembro.

No campo geopolítico e comercial, um ponto relevante foi a decisão do governo Trump de suspender tarifas de 40% sobre diversos produtos agrícolas brasileiros, como café, carnes e frutas. A medida foi comemorada pelos setores exportadores brasileiros e sinalizou um avanço no diálogo bilateral, podendo beneficiar empresas brasileiras ligadas ao agronegócio e ao comércio exterior. Porém, apesar do impacto positivo para exportadores, o movimento não foi suficiente para compensar o ambiente global mais cauteloso, que seguiu limitando o apetite por risco ao longo da semana. Com isso, o Ibovespa acumulou queda de 1,88% no período, mas ainda sustenta uma alta de 3,50% em novembro.

 

Maiores altas

As ações da Cogna (COGN3) lideraram os ganhos do Ibovespa na semana, saltando 9,25%, apoiada em expectativas de retomada estrutural do setor educacional e potencial impacto positivo da ampliação da isenção do IR até R$ 5 mil. A empresa também aprovou emissão de R$ 1 bi em debêntures, reforçando sua estratégia financeira. Analistas seguem otimistas e veem a Cogna (COGN3) à frente de YDUQS (YDUQ3).

A Aneel abriu consultas dos leilões de potência de 2026, com mais de 126 GW inscritos, movimento que coloca players do setor, como a Auren, em destaque. Além disso, o Bank of America destacou 17 ações consideradas descontadas mesmo após o rali da Bolsa, entre elas Auren (AURE3), que avançou 5,64% na semana.

Na semana passada, a CPFL Energia (CPFE3) apresentou um 3º trimestre acima das expectativas, impulsionado pelo bom desempenho operacional e pela divisão de distribuição, apesar da pressão na geração causada pelo curtailment das eólicas e pelo risco hidrológico (GSF), efeitos que devem ser parcialmente compensados pela MP 1.304. A empresa segue avançando em transmissão, avalia oportunidades em armazenamento de energia e mantém sólida disciplina operacional. Na Bolsa, CPFE3 subiu 3,45% na semana, apoiada também no pagamento de R$ 0,61 por ação em dividendos.

A Marcopolo (POMO4) anunciou uma distribuição robusta de proventos referente a 2025, que soma R$ 0,78 por ação. O anúncio impulsionou as ações, que subiram 3,23% na semana, após semanas pressionadas pelos resultados mais fracos do 3º trimestre, quando o lucro caiu 1,8% e o Ebitda recuou 9,9%. Mesmo assim, analistas avaliaram a distribuição como positiva, destacando a forte posição financeira da empresa, o potencial de payout acima de 50% e a atratividade do valuation com rendimento estimado próximo de 9% e múltiplo P/L de cerca de 6x para 2026.

A Azzas 2154 (AZZA3) aprovou a distribuição de R$ 180 milhões em dividendos, R$ 0,89 por ação. O anúncio veio após um 3T25 forte, marcado por lucro líquido recorrente de R$ 201,3 milhões (+22,9% a/a) e leve expansão da margem Ebitda ajustada, sustentada por maior eficiência de custos, movimento que ajudou as ações AZZA3 a subirem 2,22% na semana.

 

Maiores baixas

Apesar das sinergias da fusão com a BRF, o valuation da Marfirg (MBRF3) segue elevado e limita o otimismo. As ações recuaram 15,16% na semana, pressionadas pelo alto nível de aluguel (26,22%) e por um mercado dividido entre recomendações neutras e de compra. Em paralelo, o anúncio da retirada da tarifa de 40% sobre a carne bovina pelos EUA trouxe algum alívio ao setor, mas não evitou a forte queda.

O Itaú BBA reduziu o preço-alvo da Vamos (VAMO3) de R$ 6 para R$ 5,50, mas manteve recomendação de compra, destacando um potencial de alta de 46,7% apesar dos desafios de curto prazo. Sensível aos juros altos, a companhia enfrenta ambiente macro desafiador, dificuldade na venda de R$ 2 bi em ativos e revisão do lucro para 2026 para R$ 400 mi. Na semana, VAMO3 recuou 9,60%.

A Rumo (RAIL3), controlada pela Cosan, apresentou resultados mistos no 3T25, no final da semana passada: apesar do avanço de 8% no volume transportado e da melhora de margens operacionais, a companhia enfrentou pressão nas tarifas, ambiente competitivo mais intenso nos corredores logísticos e aumento das despesas financeiras (+45,5% a/a), o que levou a um lucro líquido 39,2% menor, para R$ 416 milhões. O Ebitda variou entre estabilidade e leve queda em diferentes bases de comparação, enquanto o market share caiu nos embarques de grãos do Mato Grosso e de Santos. Analistas seguem cautelosos, com recomendações neutras ou projeções conservadoras para 2026. Após a divulgação, RAIL3 recuou 7,20% na semana, refletindo a pressão sobre tarifas, a concorrência crescente e o cenário macro menos favorável para volumes e preços.

A CSN (CSNA3) e sua controlada CSN Mineração (CMIN3) iniciaram negociações para uma possível venda, da CSN para a CMIN, de parte das ações da MRS Logística, ainda sem definição de quantidade ou preço, e com o Cade já notificado sobre as tratativas. O movimento ocorre em meio à pressão sobre a alavancagem da companhia: a S&P colocou o rating “BB-” da CSN em observação negativa, destacando que, apesar da recuperação do Ebitda, o elevado endividamento, estimado em cerca de R$ 37,5 bilhões, deve permanecer acima de 5x nos próximos anos sem uma entrada relevante de caixa. A agência reconhece a liquidez robusta da empresa, mas cobra mais clareza sobre o plano de desalavancagem, que inclui potenciais vendas de ativos e a reorganização logística via CSN Infraestrutura. Nesse contexto, as ações CSNA3 recuaram 6,36% na semana.

Para acompanhar mais notícias do mercado financeiro, baixe ou acesse o TradeMap.  

Compartilhe:

Mais sobre:

Leia também:

Destaques da semana

Nesta semana o calendário econômico traz atualizações relevantes que podem impactar os mercados: Segunda-feira (24/11) 08:00 – Brasil Confiança do ConsumidorA Fundação Getúlio Vargas (FGV)

Mais lidas da semana

Uma newsletter quinzenal e gratuita que te atualiza em 5 minutos sobre as principais notícias do mercado financeiro.