Desde o início da guerra na Ucrânia, diversos países do Ocidente têm implementado sanções contra a Rússia, num movimento de retaliação e protesto ao conflito armado. As maiores punições, até agora, se restringem ao universo financeiro.
O UBS, banco suíço, estimou que o banco central russo pode ter até US$ 388 bilhões congelados, sem poder utilizar para intervir na economia doméstica e no câmbio, de acordo com relatório publicado na segunda-feira (28). O montante, contudo, não leva em consideração as reservas de ouro do país.
Segundo os cálculos do UBS, o Banco Central da Federação Russa (CBR) possui cerca de US$ 630 bilhões em reservas, e, até as sanções contra o país começarem, poderia utilizar o montante para limitar a depreciação do rublo, moeda russa.
O banco suíço avalia que, segundo os dados mais recentes do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre reservas internacionais e liquidez em moeda cambial, do dia 21 de dezembro de 2021, 95% das reservas russas — ou US$ 604 bilhões — estavam em dólares, euros, ienes, iuanes e libras esterlinas. O restante é armazenado em ouro.
O país, contudo, sofreu na última semana sanções do G-7, organização que reúne as sete maiores economias do mundo, e desde então está impedido de realizar quaisquer negociações em moedas de seus membros.
Levando em consideração que a participação da moeda chinesa (iuane) não mudou, uma vez que a China é uma importante parceira comercial dos russos e não determinou sanções ao país, o UBS calcula que isso deixa US$ 388 bilhões potencialmente congelados, cerca de 82% de toda a porção de reservas em moedas da Rússia.
Uma outra maneira de analisar é olhando para o que sobra à Rússia. “Colocando de outra forma, potencialmente apenas US$ 109,4 bilhões, incluindo US$ 29,5 bilhões em Direitos Especiais de Saque (SDRs) de reservas do FMI, poderiam estar imediatamente disponíveis para intervenções cambiais (da Rússia)”, afirma o UBS.
Outras sanções
Nesta quarta (2), o pacote de sanções econômicas contra a Rússia aumentou. Desta vez, a União Europeia decidiu excluir sete bancos russos do sistema Swift, organização bancária internacional que padroniza informações financeiras pelo mundo.
A medida, contudo, não atingirá o maior banco do país, o Sberbank, que é controlado pelo Estado. O Sberbank, por sua vez, anunciou que sairá do mercado europeu, concentrando suas atividades apenas na Rússia. Após o anúncio, as ações do banco caíram quase 90% na bolsa de Londres.
Contudo, o UBS avalia que essas restrições não devem ter impactos graves, uma vez que essas medidas não se aplicam a bancos estrangeiros que operam na Rússia. “Parece possível que esses bancos excluídos funcionem como canais para quaisquer pagamentos internacionais”, afirma o banco.
Resposta russa
O UBS acredita que as respostas do banco central russo e do governo de Vladimir Putin para essas sanções podem vir em diferentes frentes.
O banco suíço acredita que o país pode aumentar a oferta de câmbio no mercado, por exemplo, exigindo, formal ou informalmente, que os exportadores aumentem as vendas, o que é facilitado pelo domínio de grandes empresas e estatais exportadoras de commodities (80% do total das exportações).
Além disso, a Rússia pode aumentar as taxas de juros em rublos. Na segunda-feira, o CBR aumentou a taxa básica de juros local de 9,5% para 20%. Outra possível medida para atenuar as restrições é aumentar os estoques de ouro no país, uma vez que o material é considerado “protetivo” em momentos de volatilidade.