A Rússia contrariou as expectativas das autoridades da União Europeia e retomou o envio de gás natural à região, o que contribui para a queda nos preços tanto do combustível quanto do petróleo nesta quinta-feira (21).
As suspeitas de que a Rússia poderia interromper o fluxo de gás natural enviado à Europa começaram alguns dias antes de uma manutenção programada no Nord Stream, gasoduto que transporta gás natural entre as duas regiões e cuja operação foi suspensa em 11 de julho para manutenção.
A retomada das operações estava prevista para hoje, e ao longo dos últimos dias autoridades da União Europeia disseram publicamente que achavam provável o presidente da Rússia, Vladimir Putin, aproveitar a oportunidade para reduzir o fornecimento de gás, na tentativa de punir os países do bloco pela ajuda militar oferecida à Ucrânia. A Rússia, no entanto, contrariou as expectativas dos europeus.
Vale mencionar, porém, que a União Europeia está recebendo apenas 40% do gás que a Rússia costumava entregar, e que a Gazprom – estatal russa que abastece o gasoduto – está ameaçando reduzir a oferta de gás natural aos europeus.
Isso porque, segundo a Gazprom, é preciso que a Siemens envie à companhia uma turbina que está parada no Canadá há semanas por causa de sanções econômicas aplicadas à Rússia.
Quem está aproveitando a briga dos russos e europeus para comprar mais gás natural da Gazprom é a China. Na terça-feira (19), inclusive, o volume de gás vendido aos chineses pela empresa da Rússia atingiu um nível recorde.
Por volta das 9h15 (de Brasília), os preços do petróleo tipo Brent – que serve como referência no mercado internacional – caíam 4,3% no mercado futuro da ICE, para US$ 102,37 por barril. Os preços dos contratos futuros de gás natural também caíam, em 3,9%.
Medo de corte de gás na Europa continua
O receio com a redução no fornecimento de gás natural pela Rússia, no entanto, continua pairando sobre a União Europeia, que ontem anunciou um plano para reduzir o consumo do combustível e diminuir a influência dos russos na segurança energética da região.
A ideia inicial é que os países da União Europeia diminuam voluntariamente a demanda por gás natural em 15% entre agosto deste ano e março de 2023. Além disso, também será levado ao Parlamento Europeu um projeto de lei para que essa redução possa ser obrigatória se houver consenso entre os membros do bloco.
“A recente escalada nos problemas de fornecimento de gás da Rússia aponta para um risco significativo de uma completa e prolongada interrupção nos suprimentos de gás possa se materializar de forma abrupta e unilateral”, disse a União Europeia em um documento em que detalha as medidas.
“A ação coordenada, imediata e proativa em nível europeu pode evitar sérios prejuízos à economia e aos cidadãos decorrentes de uma interrupção no fornecimento de gás”, acrescentou.
Segundo a União Europeia, a adoção do plano durante o verão no hemisfério norte ajudaria a armazenar mais gás natural para ser usado no inverno – época em que o consumo do combustível sobe, principalmente por causa da necessidade de calefação.