A probabilidade de os Estados Unidos enfrentarem uma recessão aumentou e chega a 69%, afirma o banco suíço UBS, que refez suas contas após os dados econômicos de maio mostrarem uma piora.
Os economistas da instituição utilizam três diferentes modelos para estimar a chance de contração da economia e, no cálculo que toma como base dados brutos da atividade econômica, como vendas de imóveis e produção industrial, a probabilidade subiu de 40% em abril para 69% agora, segundo relatório distribuído nesta quinta-feira (23).
Na média dos três modelos, o risco dobrou de abril para cá, de 13% para 26%.
Apesar de as chances terem subido, o banco ressalta que, como já ocorreu no passado, a piora nos dados de maio pode indicar apenas uma desaceleração temporária, e não uma recessão formal.
O principal fator por trás da piora do conjunto de dados foram os números de habitação, diz o UBS, que mandam fortes sinais de recessão. Outro fator foram os dados do mercado de trabalho, principalmente de pedidos iniciais de seguro-desemprego.
Os dados de produção industrial, por sua vez, continuam fortes, e a desaceleração vista em maio pode ser transitória e melhorar com a liberação dos gargalos das cadeias de suprimentos.
O banco ressalta que alguns dados de maio, relativos ao consumo, ainda não foram divulgados. “Mas as vendas de varejo fracas de maio sugerem que os dados de gasto real, que serão divulgados na semana que vem, irão simplesmente confirmar a tendência negativa”, diz o UBS.
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Neste ponto, porém, o banco afirma que ainda é cedo para afirmar que a fraqueza dos dados de maio marque uma nova tendência para os dados de consumo – e, mais importante, que ainda é cedo para dizer que os dados negativos de maio indiquem a chegada de “algo mais sério”.
Os diferentes modelos utilizados pelo UBS têm como objetivo monitorar sinais de picos no ciclo de negócios, que indicam o início de uma recessão.
Os picos no ciclo de negócios, porém, nem sempre significam que uma recessão se aproxima, e podem simplesmente indicar uma contração econômica transitória. “O que estamos destacando hoje é que estamos provavelmente entrando nesta fase, mas nosso modelo não determina se o outro lado da colina será uma ladeira suave ou um abismo”, diz o banco.
Além disso, o UBS destaca que o modelo pode refletir a desaceleração diante de uma base de comparação elevada, com os dados anteriores impactados positivamente pela reabertura econômica e pela expansão fiscal, e que o nível de crescimento da economia americana ainda é alto o suficiente para evitar uma recessão.
Considerando todos estes pontos, a opinião do UBS é que é importante, agora, observar os dados de junho, em uma tentativa de entender a tendência. “O modelo está confirmando uma desaceleração aguda nos dados, mas a zona de pouso permanece obscura”, conclui o banco.