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BCE segue roteiro previsto e eleva juros para o maior nível desde 2009

Autoridade monetária europeia mantém ritmo de aumento dos juros, reforçando o aperto monetário mais rigoroso de sua história

Foto: Shutterstock

O BCE (Banco Central Europeu) seguiu o roteiro previsto pelo mercado e elevou os juros da zona do euro em 0,75 ponto porcentual, para 1,5% ao ano. É o maior nível para a taxa básica desde 2009. Os juros maiores vêm como resposta da instituição ao patamar elevado de inflação no bloco monetário.

Os dados mais recentes mostram que, nos 12 meses até setembro, o aumento acumulado nos preços da zona do euro era de 9,9%. A leitura é cinco vezes maior que a desejada pelo BCE, que busca manter a inflação em 2% ao ano.

Parte desta alta é motivada pelo encarecimento do gás natural e do petróleo na região. Os europeus sempre receberam uma parcela significativa destes produtos da Rússia, mas a situação mudou desde que o país invadiu a Ucrânia, em fevereiro deste ano.

De lá para cá, tanto as medidas adotadas pela União Europeia para punir os russos quanto à decisão da Rússia de reduzir o fornecimento das commodities aos europeus criaram uma situação de escassez de combustíveis na zona do euro. Com a oferta reduzida, os preços subiram.

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O BCE pode fazer pouco em relação a isso. Ao aumentar os juros, a instituição encarece o crédito e força uma diminuição da demanda. A expectativa é que isso reduza a procura por combustíveis e faça, consequentemente, os preços recuarem.

O mercado, porém, vê dois problemas nesta estratégia. O primeiro é em relação ao efeito indireto sobre a raiz do problema: aumentar os juros não elevará a oferta de combustíveis na zona do euro.

O segundo é que a redução na demanda virá não só para os combustíveis, mas para vários outros produtos e serviços, o que pode provocar uma recessão.

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Recessão vai impedir alta de juros?

O banco ING ressalta que, para o BCE, deixar a inflação correr solta é um problema maior do que forçar uma recessão econômica.

“O aumento de juros de hoje é mais uma evidência de mudança de paradigma no BCE”, disse Carsten Brzeski, chefe global de macroeconomia do ING, em um relatório.

Um ano atrás, afirmou, o BCE dava sinais claros de que preferia não aumentar as taxas, mas nos últimos três meses fez a maior elevação de juros de sua história. “Isso apesar de uma guerra na Europa, de poucos sinais de uma economia superaquecida e, na verdade, diante de indicações de uma recessão iminente”, acrescentou Brzeski.

Durante uma entrevista coletiva concedida após o anúncio da decisão sobre os juros, a presidente do BCE, Christine Lagarde, reforçou essa perspectiva de preocupação, primeiro com a inflação e depois com a atividade econômica.

“Nós temos de fazer o que temos de fazer. O banco central tem que se concentrar no seu mandato. Nosso mandato é a estabilidade de preços”, afirmou. “Isso quer dizer que estamos alheios ao risco de recessão? Obviamente que não”, acrescentou.

O que o BCE vai fazer a seguir?

A expectativa dos especialistas é que o ritmo de alta dos juros na Europa continue intenso nos próximos meses, com avanço de pelo menos 0,5 ponto porcentual na taxa em dezembro e de continuidade dos aumentos em 2023.

“A previsão de que a taxa terminal de juros seria 3% ao ano está cada vez mais envolvida em incertezas, pois os acontecimentos geopolíticos e as medidas fiscais desenhadas para proteger as famílias do aumento nas contas de luz podem manter a inflação elevada no médio prazo”, disse o Rabobank em relatório.

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