Ibovespa rompe 142 mil pontos com disparada de distribuidoras após operação Carbono Oculto

Fonte: Shutterstock/dTosh

A manhã desta quinta-feira (28) foi marcada por uma movimentação atípica na Faria Lima: a Polícia Federal cumpriu mandados de busca na sede da Reag Investimentos, maior gestora independente listada na B3, como parte da Operação Carbono Oculto. A ação investiga um esquema bilionário de lavagem de dinheiro ligado ao setor de combustíveis e, segundo autoridades, associado ao Primeiro Comando da Capital (PCC).

A Reag informou em fato relevante que colabora integralmente com as autoridades e entregará todos os documentos solicitados. Fontes afirmam que relatórios internos de compliance já haviam identificado irregularidades em fundos ligados ao caso, o que levou a gestora a encerrar vínculos e liquidar alguns produtos antes mesmo da operação. Apesar disso, as ações da companhia (REAG3) caíram mais de 14,10% no pregão.

Segundo a Receita Federal e a PF, o grupo criminoso movimentou R$ 52 bilhões em quatro anos por meio de fundos fechados, empresas interpostas e fintechs usadas para mascarar operações financeiras. Foram identificados mais de 40 fundos com R$ 30 bilhões em patrimônio, parte já bloqueada, e ativos que incluíam usinas, portos, caminhões e imóveis de luxo. O uso de fintechs explorava brechas regulatórias, como as chamadas “contas-bolsão”, dificultando o rastreamento do dinheiro.

A operação mobilizou 1.400 agentes em dez Estados, cumprindo cerca de 350 mandados. Além da Reag, também são investigadas fintechs e outras gestoras, entre elas BK Pagamentos, Bankrow, Banco Genial e Brazil Special Opportunities. No setor real, o grupo Aster/Copape, dono de usinas e postos, é apontado como elo central do esquema.

O impacto foi imediato no mercado. Às 13h00, as ações das distribuidoras formais registravam forte alta: Ultrapar (UGPA3) +7,32%, Vibra (VBBR3) +4,75% e Raízen (RAIZ4) +2,83%, refletindo a expectativa de redução da concorrência desleal. O Ibovespa avançava 1,78%, aos 141.680 pontos, após ter renovado sua máxima histórica no intraday, superando pela primeira vez a marca dos 142 mil pontos, impulsionado pela repercussão da operação.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou a sofisticação do esquema e disse que a presença do crime organizado “prejudica empresários regulares, distorce a concorrência e impõe prejuízos diretos ao consumidor”. Já o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou que outras áreas da economia também passarão a ser investigadas.

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