O Ibovespa fechou a sexta-feira (3) em alta de 0,17%, aos 144.201 pontos, mesmo em meio a preocupações fiscais no Brasil e à paralisação do governo nos Estados Unidos. O avanço foi sustentado por ações do setor financeiro e de mineração, enquanto empresas ligadas ao consumo doméstico recuaram diante do risco de novas pressões inflacionárias.
Nos EUA, o shutdown suspendeu a divulgação do payroll, deixando o Federal Reserve sem sua principal referência de curto prazo. O ADP já havia apontado fechamento de 30 mil vagas em setembro, reforçando apostas de corte de juros, mas a ausência do dado oficial aumenta a incerteza. O presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, alertou que a instituição “opera às cegas” e que quanto mais tempo o relatório atrasar, mais distante ficará da realidade do mercado de trabalho.
No Brasil, o destaque foi a aprovação na Câmara da ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil, medida celebrada pelo governo como histórica. A proposta inclui compensações, como a tributação de lucros e dividendos, mas o mercado teme impactos negativos sobre inflação, consumo e contas públicas. A discussão ganhou novo contorno com a intenção do PL de propor a elevação da faixa para R$ 10 mil no Senado, o que amplia ainda mais os receios fiscais.
Outra pauta que circulou no pregão foi a ideia de tarifa zero para o transporte público, inspirada em projetos anteriores de subsídio cruzado. Embora considerada de execução complexa e impacto incerto, a proposta deve aparecer no debate eleitoral de 2026.
No cenário político, a Folha de S.Paulo noticiou que Jair Bolsonaro teria dado aval à candidatura presidencial de Tarcísio de Freitas, com Michelle Bolsonaro como vice. A movimentação expõe divisões na oposição e ainda encontra resistência dentro do próprio PL.
No mercado internacional, o petróleo encerrou em alta, após quatro quedas consecutivas, influenciado por tensões geopolíticas, o impasse nos EUA e expectativa pela reunião da Opep+ no domingo. O WTI subiu 0,61%, a US$ 60,85, e o Brent avançou 0,62%, a US$ 64,51, mas ambos acumularam perdas superiores a 6% na semana.
A Petrobras (PETR4), que completou 72 anos, anunciou o início da contratação da plataforma FPSO Búzios 12, reforçando sua presença no pré-sal. O projeto, desenvolvido em parceria com empresas chinesas, deve ampliar a produção de petróleo e gás nos próximos anos. Apesar da notícia, as ações recuaram 0,26% no pregão.
Entre as companhias brasileiras, destaque para a Auren (AURE3), que subiu 2,78% após sinalizar melhora gradual de sua alavancagem e expectativa de dividendos apenas nos próximos anos. Já a Marfrig (MRFG3) recuou 3,55% com notícias de seus planos na Argentina após a fusão com a BRF, em meio a incertezas sobre consumo e exportações.
Por fim, o Bradesco BBI reduziu o preço-alvo da SLC Agrícola (SLCE3) de R$ 22 para R$ 20, avaliando que o cenário de commodities em baixa limita os catalisadores no curto prazo, ainda que reconheça potencial de valor no longo prazo. As ações caíram 2,45% no pregão.
As listas das maiores altas e baixas da carteira do Ibovespa ficaram assim:
Altas
• RaiaDrogasil (RADL3): +4,50%
• Auren (AURE3): +2,78%
• Vivara (VIVA3): +2,47%
• Cosan (CSAN3): +2,18%
• Yduqs (YDUQ3): +1,94%
Baixas
• Marfrig (MBRF3): -3,55%
• Azzas (AZZA3): -2,64%
• SLC Agrícola (SLCE3): -2,45%
• Assaí (ASAI3): -2,16%
• Porto Seguro (PSSA3): -1,74%
EUA
Os principais índices de Nova York encerraram o dia sem direção única:
• Dow Jones: +0,51%
• Nasdaq: -0,28%
• S&P 500: +0,01%
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