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Mineração de Bitcoin cresce após fusão do Ethereum, mas lucro com operação é menor – entenda

Há um mês, processo de atualização da blockchain mudou forma de validação do ETH para modelo menos poluente

Foto: Shutterstock

A atualização bem-sucedida da blockchain Ethereum marcou uma nova fase no mercado digital ao eliminar o passivo ambiental para a validação de novos tokens, uma das principais críticas aos ativos criptografados. No entanto, atingiu em cheio o modelo de negócio dos mineradores, empresas montadas para lucrar com a validação das operações na rede, e influenciou até mesmo o Bitcoin.

Desde o dia 15 de setembro, a criação de novas unidades de ETH é feita pela prova de participação (PoS).

Sob este modelo, o usuário interessado em validar novos tokens – e ser pago por isso – precisa depositar 32 ETH no sistema. Esses ativos servem como garantia e podem ser destruídos caso o usuário faça alguma coisa irregular ou desonesta.

Antes da PoS, o modelo usado para a mineração na Ethereum era a prova de trabalho (PoW), que exigia máquinas potentes e o uso massivo de energia para efetivar o processo de validação. A rede partia da premissa que o usuário, ao gastar dinheiro com computadores e eletricidade, estava disposto a validar corretamente os tokens e ser remunerado neste processo.

A mudança no sistema de mineração ajuda a Ethereum a promover o rótulo de “ativo limpo”, principalmente na comparação com seu principal rival no mundo das criptomoedas, o Bitcoin, que ainda usa a PoW como modelo de validação.

A expectativa é que esse diferencial beneficie o Ethereum no médio e longo prazo, atraindo mais investidores e ajudando a criptomoeda a crescer.

A mudança, no entanto, prejudica empresas e usuários que investiram em equipamentos modernos para fazer a mineração de Ethereum.

O reflexo dessa transformação foi sentido dias após a PoS entrar em vigor. Os preços de placas de vídeo – um dos insumos para a mineração das criptos – caíram mais de 40%, segundo sites especializados em venda de produtos eletrônicos.

Saiba mais:
Ethereum: veja o que muda com a atualização da rede

Julio Andreoni, analista de criptoativos da XP, afirma que o novo modelo substitui a figura do antigo minerador pela do validador de cripto. “Mais de 80% dos mineradores desligaram as máquinas [desde 15 de setembro], e outra parte quer minerar outras criptomoedas”, afirma.

Migração para o Bitcoin?

Uma saída natural para esses equipamentos ociosos seria a migração dos esforços para a mineração de outros ativos que ainda usam a PoW como forma de validação, como o Bitcoin (BTC). Porém, a mudança não é tão simples assim.

Apesar de usarem o mesmo sistema, cada blockchain usa equipamentos diferentes para a validação do processo. As placas de vídeo – ou GPUs, em inglês – para minerar ETH têm custos que variam de R$ 2 mil a R$ 5 mil, enquanto o equipamento exigido pelo BTC parte de em torno de R$ 30 mil.

“O usuário que migrar tem que montar uma máquina a partir do zero”, explica Vinicius Bazan, analista de criptomoedas da Empiricus. “Cada protocolo tem um algoritmo específico para a resolução dos problemas [para validar os blocos]. É como se fossem códigos diferentes que tornam incompatível a mineração de Ethereum e Bitcoin”.

Rendimento mais baixo

Apesar dos entraves para a transição, dados já mostram fluxo migratório para o Bitcoin. A dificuldade para a validação de novos blocos, processo conhecido como hash rate, bateu recorde neste início de semana ao apresentar crescimento de 13,55% em comparação com 14 dias atrás.

O aumento da taxa de dificuldade significa que mais máquinas estão disputando a oportunidade para validar os blocos – e serem recompensadas por isso.

O protocolo do Bitcoin foi programado para se ajustar automaticamente à capacidade de processamento de dados na blockchain de forma a manter estável o ritmo de criação da criptomoeda. Quanto mais máquinas à disposição, mais difícil fica a validação.

Segundo Andreoni, para cada bloco validado, o usuário recebe em torno de 6,25 unidades de Bitcoin. Pela cotação atual, a recompensa é um pouco menos de US$ 119 mil. Apesar do número elevado, o usuário precisa tentar diversas vezes até conseguir minerar um bloco, demandando um custo bastante alto em equipamentos e energia elétrica.

Essa característica acaba concentrando a mineração na mão de empresas que montam “fazendas” para a mineração e exclui os investidores menores do jogo.

Segundo Andreoni, o movimento tende a consolidar ainda mais o poder de grandes empresas. “Vemos ao longo do tempo uma consolidação das mineradoras. Quem não conseguir manter os custos, vende a operação para quem ainda consegue”, diz. 

Além da maior competição entre os mineradores, a queda nos preços das principais criptomoedas nos últimos meses também se torna uma barreira para a indústria de mineração. Desde o começo do ano, o BTC perdeu quase 60% do seu valor – ou seja, as 6,25 unidades valiam mais de US$ 289 mil há 10 meses.

“Por um lado, é positivo porque deixa a rede mais segura. Mas para os operadores é negativo, já que há um custo maior de energia e o retorno financeiro está menor”, diz o analista da XP.

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