Crash das criptos separa joio do trigo e favorece projetos mais transparentes; saiba quais são eles

Enquanto investidores recolhem os cacos, projetos regulamentados e sólidos sofrem menos e até crescem durante a crise

Foto: Shutterstock

crash no sistema da Luna Foundation na segunda semana de maio derrubou as criptomoedas e reforçou o clima de aversão aos ativos de risco, que já estava bastante elevado pela alta dos juros americanos, a guerra na Europa e as consequências da Covid-19 na China.

Porém, enquanto o mercado busca recolher os cacos e separar o joio do trigo, algumas moedas digitais devem sair mais fortalecidas da crise, sobretudo aquelas com protocolos mais transparentes e que já haviam passado por outros períodos de estresse.

Buscando enxergar a situação para além da poeira levantada pelo tombo generalizado, especialistas ouvidos pela Agência TradeMap afirmam que, no longo prazo, o mercado tende a melhorar com as lições deixadas por um acontecimento traumático.

O primeiro sinal de que as consequências do crash não foram iguais para todas as moedas está na retomada de capitalização – ou seja, o volume de dinheiro investido – em alguns ativos digitais, a despeito de o clima ainda ser bastante negativo.

Por essa ótica, a USD Coin (USDC), que já é a segunda maior stablecoin em total aportado, desponta como uma das criptos que deve sair mais fortalecida da crise.

No início de maio, a cripto tinha capitalização de US$ 49,1 bilhões, conforme dados da plataforma CoinGecko, a partir de informações de 625 exchanges. No dia 12, quando o mercado bateu o ponto mais baixo em capitalização neste ano, o USDC conseguiu manter o volume nessa faixa, enquanto outras moedas sofriam com a fuga dos investidores.

E na contramão de outros ativos da mesma categoria, a cripto registrou um aumento de capitalização para US$ 53,7 bilhões nesta segunda-feira (30), alta de 9,3% sobre o dia 11 de maio.

Já o Tether (USDT), a stablecoin que lidera o mercado em capitalização, apresenta o caminho oposto. Desde a segunda semana do mês, o volume está em queda, saindo de US$ 83,4 bilhões para os atuais US$ 72,5 bilhões, uma redução de 13%.

O Tether também divulga balanços de auditorias, porém as publicações são geralmente a cada três meses e feitas por empresas diferentes

O histórico também não favorece. A stablecoin já foi alvo de polêmicas no passado, e muitos investidores ainda possuem dúvidas em relação à solidez das suas reservas para garantir a paridade com o dólar.

O movimento oposto entre as duas moedas pode ser o indício de que, em breve, o USDC vá tomar o lugar do Tether na lista de maiores stablecoins em capitalização.

“A tendência é de maior regulamentação nos próximos anos e isso é positivo por atrair grandes investidores, que só vão colocar o dinheiro quando o mercado estiver melhor regulado”, afirma Ayron Ferreira, head researcher da Titanium Asset.

Bitcoin sofre menos

A sequência de semanas no vermelho para as bolsas e os ativos criptos representa uma debandada de investidores dos mercados de risco. Alguns, no entanto, buscaram um caminho intermediário e colocaram parte dos recursos em ativos que apresentam menor grau de perigo dentro da classe de risco.

O Bitcoin (BTC) foi um desses refúgios. Apesar de atualmente operar nas mínimas desde o fim de 2020 e não apresentar um cenário muito otimista à frente, a cripto atrai investidores por já ter passado por outros momentos de estresse no mercado.

A recente exposição da parte do patrimônio de investidores institucionais, como bancos e fundos, na cripto também indica que, para ao menos o longo prazo, a expectativa é de recuperação.

A capitalização do Bitcoin caiu 18,7% entre o início de maio e esta segunda-feira, enquanto o Ethereum (ETH), segunda maior cripto do mercado, viu sumir 30,1% do volume.

“Os investidores preferirem o Bitcoin nesse ambiente não é uma surpresa, pois o consideram um porto seguro durante esse período de incerteza, com ventos contrários [no cenário] macro”, escreveu Marcus Sotiriou, analista de mercado da GlobalBlock Digital Asset, em nota na última sexta-feira.

Aprendizado, oportunidades e confiança

Os analistas são unânimes em apontar o crash da Luna Foundation como um marco de aprendizagem para o mercado e os investidores, principalmente no que diz respeito à necessidade de buscar conhecimento antes de embarcar em um projeto em fase de experimentação.

“As pessoas que estão apostando em tecnologia têm que estar cada vez mais preocupadas com as questões pertinentes do projeto. Cabe ao investidor estudar essa questão e identificar quais são os bons ativos?”, diz Hugo Trombini, head de criptoativos da corretora Hurst Capital.

A queda generalizada do mercado também abre uma janela de oportunidades para a entrada em projetos com preços descontados. O aporte, porém, deve ser feito com cautela.

“São nesses momentos que riquezas são construídas. Quem tem frieza e consegue ver oportunidades em projetos com bons fundamentos, pode fazer um investimento bem proveitoso”, afirma Caio Villa, cofundador e CIO da bolsa de criptoativos Uniera.

O especialista cita o lançamento da criptomoeda da blockchain Partisia, com oferta pública prevista para esta terça-feira (31). O modelo, diz Vila, chama a atenção pela capacidade de privacidade e agilidade nas transações.

Apesar da menção, o analista afirma que os investidores devem buscar mais conhecimento sobre os projetos. “Ninguém vai tomar a melhor decisão sobre o dinheiro quanto a própria pessoa”, destaca.

Investidores também devem prestar atenção na velocidade que os ativos estão se recuperando. Segundo Trombini, quanto maior a capacidade de dar a volta por cima, melhor é o fundamento do projeto.

“É um movimento normal de consolidação de mercados e tecnologias, e nesses processos ficam as boas empresas, os bons projetos e as pessoas que fazem as coisas acontecer”, afirma.

Para as criptos do sistema da Luna Foundation, contudo, a perspectiva não é tão positiva. Apesar da apresentação de uma série de planos para a recuperação da Terra (LUNA), que inclui a distribuição de um novo ativo, a Terra 2.0, para quem perdeu no crash e com a queima de bilhões em Terra USD (UST), a tendência é de aversão dos investidores.

“O cenário de recuperação vai mostrar quais as melhores tecnologias e quais serão selecionadas pelo mercado”, diz Trombini, ressaltando que a Terra não deve estar nesse grupo.

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