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Por Sofia Abreu

Colunista de renda fixa da Agência TradeMap

Graduada em Direito e servidora pública desde 2012, já atuou como bancária do Banco do Brasil e atualmente é servidora do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região. Publica conteúdo financeiro em seu canal do Youtube – Servidor que Investe – e em seu instagram.

Compra periódica e fracionada: a forma mais cautelosa de adquirir papéis prefixados no Tesouro Direto

Tesouro Prefixado

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Ao investir em títulos públicos do governo federal, por meio do programa conhecido como “Tesouro Direto”, é possível adquirir um ativo que promete, na data do vencimento, uma remuneração com base em um indexador (pré ou pós-fixado) definido no momento de realização do investimento.

Há três tipos distintos de títulos do Tesouro Direto, cada um com características e indexadores de rentabilidade próprios: Tesouro Prefixado, Tesouro Selic e Tesouro IPCA+.  Além desses, o Tesouro informou, no fim do ano, que lançará um papel voltado para a aposentadoria.

Neste artigo, vamos falar especificamente do Tesouro Prefixado, sobre como funciona seu mecanismo de rentabilidade e por que a compra feita aos poucos periodicamente pode ser a melhor forma de adquirir títulos públicos com essa característica.

Valor no vencimento? R$ 1.000,00

Primeiramente é preciso saber que todo título inteiro do Tesouro Prefixado vale R$ 1.000,00 na data de vencimento. Partindo dessa premissa, perceba que sempre que você compra um Tesouro Prefixado, independentemente da data de vencimento ou da taxa de juros em vigor no momento da aplicação, você adquire um ativo “programado” para valer R$ 1.000,00 no prazo final e que possui essa condição assegurada pelo governo federal.

Por outro lado, se decidir resgatar esse tipo de papel antes do vencimento, não há garantia do valor exato a ser recebido em virtude dos efeitos da chamada marcação a mercado (explico detalhadamente esse assunto neste artigo).

Para melhor compreensão, vamos analisar na prática o título Tesouro Prefixado 2024. No momento em que redijo esse artigo, em fevereiro deste ano, esse ativo é oferecido com uma taxa de rentabilidade anual de 11,54%, ao preço unitário de R$ 772,70 e vencimento em 1º de julho de 2024.

É importante perceber que R$ 772,70, submetidos a uma taxa de rentabilidade anual de 11,54%, nessa data de julho de 2024, resultarão no valor unitário de R$ 1.000,00. Portanto, a diferença entre R$ 1.000,00 e R$ 772,70 será a rentabilidade que você terá ao comprar um título inteiro, se levá-lo até o vencimento.

Leia mais:
Títulos atrelados à Selic lideram ganhos do Tesouro Direto em janeiro; saiba quais papéis estão mais atrativo

Sob essa lógica, como as taxas de juros praticadas nos títulos públicos oscilam todos os dias e como o título prefixado sempre deve valer R$ 1.000,00 no vencimento, cada variação impacta diretamente o valor unitário do título.

Se a taxa de juros cai, para o título valer R$ 1.000,00 no prazo final, o valor unitário tem que subir. Se a taxa sobe, o valor unitário tem que cair.

Taxa versus preço

Perceba que é possível identificar claramente um movimento inverso entre taxa e preço do título. Quanto maior é a taxa de rentabilidade, menor é o preço do título, e vice-versa. As taxas praticadas nos títulos públicos têm como principal referência o mercado de juros futuros, com contratos negociados diariamente que representam uma estimativa do mercado para o valor dos juros praticados no país futuramente.

Dessa forma, quando os juros futuros sobem, as taxas dos títulos públicos também sofrem elevação, o que inclui o retorno do Tesouro Prefixado. Por outro lado, quando os juros futuros caem, as taxas dos papéis tendem a ser reduzidas.

Crises institucionais, instabilidade política e práticas governamentais que gerem um aumento da dívida pública implicam elevação das taxas de juros futuros, uma vez que tais acontecimentos aumentam a percepção de risco dos investidores.

Potencial de ganho

Para identificar o potencial de ganho de um título, você deve acompanhar o comportamento das taxas dos títulos públicos de forma periódica e analisar a compra de prefixados comparando com períodos anteriores e levando em consideração a taxa Selic e a inflação.

A rentabilidade desses ativos caminha no mesmo sentido do sobe e desce da taxa de juro. Portanto, quanto maior a Selic, maior também será o retorno oferecido para novos investimentos em um papel prefixado.

Mas essa análise é apenas uma tentativa de buscar taxas de rentabilidades interessantes no momento da compra. Como não somos capazes de prever o futuro (quem dera isso fosse possível!), pode ser que, após a aquisição dos títulos, os juros aumentem ainda mais, reduzindo o potencial de lucro.

Esse é um dos riscos embutidos na compra de títulos prefixados. O aumento das taxas após a realização do investimento não levará a ganhos maiores que os contratados. Se o juro mantém uma trajetória de alta, o investidor continuará com o retorno baseado na taxa acordada inicialmente e, portanto, possivelmente menor que a vigente no mercado na data de vencimento.

Além disso, se tiver a necessidade de se desfazer do papel antes do prazo final, o investidor estará exposto à chamada “marcação de mercado”, que pode ser impiedosa. O título pode valer menos (ou mais) do que o preço da data de compra.

E não menos importante é a inflação. Preços em alta reduzem o potencial de retorno de um título prefixado.

As variáveis macroeconômicas que o investidor deve considerar são muitas, ainda que algumas estimativas possam ser consultadas, por exemplo, no Boletim Focus. Essa pesquisa do Banco Central com instituições financeiras aponta, entre outros dados, uma visão do mercado para a inflação no ano. Confira aqui o boletim mais recente.

Por isso, a posição mais cautelosa é fazer compras periódicas e fracionadas (pouco a pouco) para minimizar os riscos e garantir, assim, uma rentabilidade média vantajosa em relação aos juros pagos em investimentos disponíveis no mercado. Isso nada mais é que a aplicação da regra da diversificação, mesmo se tratando de um mesmo tipo de investimento.

Passado algum período, você terá uma carteira de títulos prefixados com diferentes taxas de retorno, comprados com os menores preços unitários possíveis no momento da realização da compra.

*As opiniões, informações e eventuais recomendações que constem dos artigos publicados pela Agência TradeMap são de inteira responsabilidade de cada um dos articulistas. Os textos não refletem necessariamente as posições do TradeMap ou de seus controladores.

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