No atual cenário econômico turbulento, as empresas varejistas listadas na bolsa de valores do Brasil enfrentam uma série de desafios e oportunidades. Enquanto fatores como o aumento do salário mínimo e o pagamento dos precatórios podem impulsionar o consumo das famílias, pressões como a abertura da curva de juros e a possível retomada da alta inflacionária geram incertezas no mercado.
A recente revisão das projeções para a taxa de juros e inflação, conforme divulgado pelo Boletim Focus nesta segunda (20), adiciona uma camada adicional de complexidade às estratégias de investimento das empresas. A previsão do IPCA para 2024 foi ajustada de 3,76% para 3,80% e a expectativa para a taxa básica de juros, a Selic, subiu para 10% a.a. em 2024. Com a expectativa de uma taxa de juros mais alta em 2024, as varejistas enfrentam custos de capital elevados, impactando diretamente suas margens de lucro e planos de expansão.
Observa-se também uma preocupação com o ciclo macroeconômico no setor varejista em geral. Além disso, uma competição intensa entre as varejistas voltadas para a baixa renda surge com a entrada de players internacionais, como as empresas chinesas como Shein, no mercado brasileiro. Isso coloca as companhias nacionais em uma posição mais desafiadora na disputa pelo market share. Além disso, empresas ligadas a bens duráveis, principalmente eletrodomésticos e eletrônicos, devem continuar enfrentando dificuldades ao longo do ano, devido ao alto nível de endividamento das famílias brasileiras.
De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) feita em março de 2024, 68,7% das famílias brasileiras estão endividadas. Isso sugere que o consumo de itens não essenciais, de preços mais altos, e que demandam maior acesso ao crédito, continuará a ser adiado.
Dentro desse contexto desafiador, é fundamental analisar o desempenho das empresas varejistas que se destacam com os maiores valores de mercado do setor. No período de 12 meses encerrado em 23 de maio de 2024, a Arezzo (ARZZ3) registrou uma variação de -22,36%, seguida pela Lojas Renner (LREN3), com -24,94%, Grupo Soma (SOMA3) com -38,91%, e a Magalu (MGLU3), com -60,96%.
Apesar da forte desvalorização mencionada acima, essas empresas são consideradas como possíveis oportunidades de investimento na B3, conforme indicado pelo Consenso TradeMap.
As quatro empresas analisadas apresentam potencial significativo de valorização. Mesmo diante das dificuldades enfrentadas, como evidenciado, as projeções indicam que seus upsides médios superam os 45%. De acordo com o Consenso TradeMap, a ação entre as citadas acima com maior número de recomendações de compra é a Lojas Renner (LREN3), que recebeu 10 recomendações de Compra, 1 de Manutenção e nenhuma de Venda.
Em resumo, o cenário econômico atual apresenta desafios significativos para as empresas varejistas, como a taxa de juros e endividamento das famílias. Apesar das dificuldades, há indícios positivos, sugerindo que o pior já pode ter ficado para trás, com uma gradual melhora no cenário econômico. Assim, embora os obstáculos persistam, há otimismo em relação ao potencial de recuperação e crescimento do setor varejista no futuro próximo.
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