A Fitch elevou a previsão para o crescimento da economia do Brasil neste ano, de 1,4% para 2,5%, mas as notícias positivas praticamente param por aí. Segundo a agência de classificação de risco, a visão mais otimista sobre o PIB (Produto Interno Bruto) reflete mais o que já aconteceu neste ano e menos o que está por vir.
Em relatório, a agência de classificação de risco aponta que, ao longo do primeiro semestre, a atividade foi favorecida por uma série de fatores, entre eles o fortalecimento do mercado de trabalho, a retomada do setor de serviços, a redução no custo da energia e os preços altos das commodities.
No entanto, no restante do ano e no início de 2023, a expectativa é a de que a economia desacelere, reagindo com atraso ao forte aumento nas taxas de juros, ao crescimento mundial mais lento e à incerteza relacionada às eleições brasileiras.
Tanto que, para o ano que vem, a Fitch espera um avanço de 0,8% do PIB, alta menos intensa que a estimada anteriormente, de 1,0%.
“As perspectivas de crescimento também vão depender dos planos econômicos e de sinais do próximo governo, em particular a respeito da política fiscal e do envolvimento do Estado na economia”, afirmou a agência.
Para a inflação, a agência espera uma taxa de 6,5% ao final deste ano e de 5,2% no encerramento de 2023. Em ambos os casos, as taxas ficam acima do teto da meta buscada pelo Banco Central, de 3,5%, com 1,5 ponto percentual de tolerância para cima ou para baixo.
A Fitch prevê que a Selic, taxa básica de juros, deve terminar 2022 em 13,75% ao ano – ou seja, sem novos aumentos -, e começará a cair no ano que vem, terminando o período em 10% ao ano.
Previsão para PIB mundial piorou
Embora tenha apresentado projeções mais otimistas para o Brasil neste ano, a agência ficou mais pessimista com a perspectiva de crescimento da economia mundial.
Segundo a Fitch, a escassez e os preços altos do gás natural na Europa, a forte inflação e o avanço rápido dos juros em vários países estão pesando sobre a atividade econômica.
A agência agora espera que o PIB mundial cresça 2,4% em 2022 – ou 0,5 ponto porcentual a menos que a estimativa anterior. Para 2023, a previsão caiu em 1,00 ponto porcentual, para 1,7%.
“A zona do euro e o Reino Unido devem entrar em recessão no final deste ano, e os Estados Unidos devem sofrer uma recessão leve em meados de 2023”, acrescentou a Fitch.