A receita do setor de serviços encolheu 0,1% em janeiro na comparação com dezembro, já descontada a inflação do período. A queda quebra uma sequência de dois meses de alta no final do ano passado, em que a receita do setor cresceu um total de 4,7%.
Mesmo com a queda em janeiro, o setor de serviços ainda está faturando 7,0% a mais que antes da pandemia de Covid-19 e se aproxima de níveis observados pela última vez em agosto de 2015. No entanto, ainda está 5,2% abaixo do pico de receita registrado em novembro de 2014.

O setor de turismo é um dos poucos que ainda está com níveis de receita inferiores aos observados antes da pandemia de Covid-19. Embora o faturamento real do setor tenha crescido 1,1% em janeiro ante dezembro, ainda está 9,7% abaixo do patamar de fevereiro de 2020.
Segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), na comparação entre janeiro deste ano e igual período de 2020, a receita do setor de serviços cresceu pela 11ª vez, em 9,5%. No acumulado em 12 meses até janeiro, houve aceleração para 12,2%, de 10,9% em dezembro.
Recuperação do setor de serviços vai parar?
Segundo Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa sobre o setor de serviços no IBGE, ainda não é possível saber se o resultado de janeiro marca um ponto de inflexão neste segmento ou apenas uma tomada de fôlego.
“Nesse processo de recuperação que o setor de serviços vem apresentando desde junho de 2020, há um predomínio absoluto de taxas positivas: são 15 positivas contra 5 negativas, ou seja, uma larga base de comparação, o que faz com que, vez ou outra, o setor mostre algum tipo de acomodação”, afirmou.
Três das cinco atividades do setor de serviços tiveram encolheram em janeiro ante dezembro, com destaque para serviços de informação e comunicação (-4,7%), que recuaram pelo segundo mês consecutivo. Com isso, a atividade se coloca num patamar 7,3% acima de fevereiro de 2020 e 4,9% abaixo do ponto mais alto da série, em novembro de 2021. Nessa atividade, o segmento de tecnologia da informação caiu 8,9%, e o de telecomunicações, -1,1%.
“O segmento de tecnologia da informação contribuiu decisivamente para o resultado de -0,1% do setor de serviços. É o segmento que mais se destaca desde janeiro de 2011, com aumento do ritmo de crescimento a partir de maio de 2020, alcançando em dezembro de 2021 o ponto mais alto da série. Apesar dessa queda, o saldo dos últimos 3 meses ainda é positivo em 2,4% e, em relação ao patamar pré-pandemia, o segmento está 35,9% acima”, disse Lobo.
Ainda dentro do setor de serviços de informação e comunicação, o segmento de telecomunicações não só se encontra abaixo do nível de fevereiro de 2020 (-5,6%) como também atingiu, em janeiro, o piso de sua série – está 18,1% abaixo de outubro de 2014. Lobo destaca que esse segmento é o de maior peso na pesquisa, dentre as 166 atividades de serviços investigadas.
Os serviços prestados às famílias também tiveram impacto negativo sobre o resultado geral do setor de serviços em janeiro.
“O setor foi o mais afetado pela pandemia em função de seu caráter de atividades presenciais e vem mostrando um processo de recuperação consistente. Mesmo com a queda de 1,4% em janeiro, o saldo ainda é largamente positivo desde que se iniciou o processo de recuperação, em junho de 2020”, avalia Lobo.
O que é a PMS
A Pesquisa Mensal de Serviços é realizada mensalmente pelo IBGE, a partir da receita bruta de empresas do setor que empregam 20 ou mais pessoas. A série histórica começa em janeiro de 2012.