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Inflação elevada e risco fiscal dão ao Ibovespa 3º pior desempenho do mundo em 2021; confira o ranking

Para Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, principal motivo do desempenho negativo do índice é o baixo nível de confiança na economia brasileira

Foto: B3/Divulgação

O principal índice da bolsa brasileira, o Ibovespa, ocupa o terceiro pior desempenho do mundo em 2021, de acordo com um levantamento realizado pela agência de classificação de risco Austin Rating. O ranking é composto por 79 índices acionários de 78 países no acumulado de janeiro até o final de novembro.

De forma geral, isso significa que o Brasil anda na direção oposta de grande parte do mercado global. Do total de índices pesquisados, nove acumulam perdas na variação com a moeda local. Já na comparação dolarizada, 22 indicadores reportam retração.

Na variação com o real, o Ibovespa apresentou queda de 14,1% nos onze primeiros meses deste ano em relação ao final do ano passado, perdendo apenas para o índice IBC, da Bolsa de Valores da Venezuela, que contraiu 99,5% no ano. No caso do país vizinho, o desempenho negativo do mercado acionário está diretamente associado ao cenário de hiperinflação há anos.

Com o índice convertido em dólar, o Ibovespa cai para o terceiro lugar (-20,8%), com a Venezuela ocupando a primeira posição, seguida pelo índice BIST 100, da Bolsa da Turquia, com queda de 31,1%.

Mal das pernas

A inflação elevada e os riscos fiscais são alguns pontos observados nos piores desempenhos do mercado mundial. Na Turquia, por exemplo, a taxa de juros está em um patamar de 15% ao ano, enquanto aqui no Brasil, a Selic encontra-se a 7,75% ao ano – e com previsão de chegar à casa dos 11% em 2022.

Em 12 meses, a inflação brasileira acumula alta de 10,67%, de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), ao mesmo tempo que o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre recuou 0,1% frente aos três meses anteriores.

Somado a isso, a incerteza fiscal no Brasil também estava em alta por causa da discussão, à véspera das eleições de 2022, sobre alterações no teto de gastos – a regra que limita o crescimento das despesas públicas à inflação.

“O principal motivo do desempenho negativo do Ibovespa é o baixo nível de confiança na economia”, destaca Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, à Agência TradeMap.

O autor da pesquisa elenca que o PIB brasileiro cresce em um ritmo lento há bastante tempo. De 2011 a 2020, a média do crescimento anual da economia foi de 0,7%. “Isso reduz as expectativas de retorno”, complementa.

As crises econômicas contribuem para um cenário mais inóspito do ponto de vista global. De 2014 para cá, o país acumula no currículo preocupações com o ambiente fiscal e recessões enfrentadas entre 2015 e 2016, além da própria pandemia, em 2020, que derrubou as bolsas de forma generalizada.

Veja o ranking completo do desempenho dos 79 índices a seguir:

bolsas US 1
Fonte: Austin Rating

Olhando como base o histórico baixo do Ibovespa, Agostini espera que o retorno da bolsa brasileira para 2022 não seja muito diferente deste ano. A expectativa baixa do crescimento econômico somada ao ambiente político conturbado, por conta das eleições, aos juros elevados e à inflação forte acima da meta são alguns pontos defendidos pelo economista em relação às suas perspectivas para o próximo ano.

Hong Kong e Colômbia, que também estão entre os piores desempenhos no ano, são dois países com bastante instabilidade política. Já os índices americanos Nasdaq e Dow Jones, utilizados como referência para as bolsas globais, acumulam ganhos de 20,56% e 12,67%, respectivamente.

O Ibovespa está “barato”

Para Fernando Ferreira, Jennie Li e Rebecca Nossig, analistas da XP, o Ibovespa continua barato, com sua relação preço sobre lucro (P/L) de 12 meses atualmente sendo negociado em 7,6 vezes, o que representa um desconto de quase 30% em relação à sua média de 15 anos em 11,2 vezes.

Ao retirar os dois maiores nomes do setor de commodites do índice (Vale e Petrobras), a relação P/L continua abaixo de sua avaliação histórica em 10,6 vezes. Por outro lado, ao remover as outras empresas vinculadas a commodities, como no caso de companhias de materiais e energia, a relação preço sobre lucro do Ibovespa sobe para 11,6 vezes.

“Ou seja, o Ibovespa como um todo é barato, mas quando tiramos commodities não parece tão barato”, comentam.

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