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IBC-Br vem fraco e eleva receio com trajetória de curto prazo da economia

Se PIB confirmar resultado do índice, Brasil entraria em recessão técnica no 3º trimestre

A queda do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) em setembro veio em linha com as expectativas da maioria das instituições financeiras, mas acendeu um sinal de alerta no mercado, dadas as revisões para baixo no desempenho do indicador em meses anteriores e do cenário de elevação dos juros e de inflação alta nos próximos meses.

O IBC-Br caiu 0,27% em setembro na comparação mensal, algo que era esperado pelos analistas porque, naquele mês, produção industrial, vendas no varejo e receita do setor de serviços também encolheram. A surpresa veio na revisão para baixo dos resultados do índice em meses anteriores – a queda de agosto aumentou em 0,14 ponto porcentual (pp), para 0,29%, enquanto a alta de julho diminuiu em 0,10 pp, a 0,13%.

“O dado de setembro passa a percepção de que os riscos de curto prazo (elevada inflação, incerteza econômica, real depreciado, deterioração do cenário fiscal, etc.) podem sobressair”, disse o BTG Pactual Digital em um relatório. “Os dados de confiança já apontam para essa direção”, acrescentou.

O Goldman Sachs disse que espera retomada do setor de serviços nos próximos meses – em particular nos segmentos mais atingidos pela pandemia de covid-19, que está perdendo força no Brasil -, mas ressalta que “a inflação de dois dígitos e em aceleração, o aumento dos juros (que aperta as condições financeiras domésticas), os problemas na cadeia de suprimentos e o impacto no setor manufatureiro, o elevado ruído e as incertezas políticas e a interrupção na confiança dos consumidores e das empresas estão gerando obstáculos significativos à atividade”.

Terceiro trimestre e 2022

O Banco Central também apontou no IBC-Br que, no terceiro trimestre, a atividade acumulou queda de 0,14% em relação ao trimestre anterior. Uma potencial confirmação de que a economia sofreu contração neste período pode vir nos dados sobre o Produto Interno Bruto (PIB), que estão previstos para 2 de dezembro, o que colocaria o Brasil num quadro de recessão técnica e prejudicaria ainda mais as chances de crescimento no ano que vem.

“Dados mais fracos de atividade no terceiro e no quarto trimestre de 2021 podem deixar um carrego negativo para 2022, dificultando ainda mais o crescimento para o próximo ano, que já vem sofrendo revisões baixistas diante da expectativa da taxa Selic atingir 12% ao ano”, disse o BTG Pactual Digital em relatório aos clientes.

Este “carrego”, segundo o Goldman Sachs, está negativo em 0,28% para o quarto trimestre. Isso quer dizer que, se a a atividade econômica ficar estável nos últimos meses do ano, o PIB encolheria 0,28% apenas por questões estatísticas. A previsão do mercado, porém, é mais negativa.

“Para o último trimestre de 2021, esperamos que o IBC-Br continue revelando fraqueza da atividade econômica nacional. Apesar de a taxa de desemprego mostrar tendência de baixa, esse movimento tem sido muito aquém do ideal”, disse a Renascença Corretora em sua conta no Twitter.

Para 2021, o carrego está positivo em 4,7%, segundo o Goldman Sachs – número não muito distante do crescimento de 4,79% que o mercado prevê para este ano. Se a previsão se confirmar, significaria que a expansão de 2021 refletiria essencialmente um efeito estatístico em vez de uma forte recuperação da atividade.

“A economia está de fato diminuindo o ritmo de crescimento dela”, disse Claudio Considera, pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). Ele ressaltou, no entanto, que um indicador da FGV semelhante ao IBC-Br apontou números menos negativos para setembro – alta de 0,2% na comparação mensal – e para o terceiro trimestre – avanço de 0,9% em relação ao segundo trimestre.

Isso significa que ainda é possível que os resultados do terceiro trimestre venham positivos, mas que ainda assim há dúvidas sobre se o resultado será suficiente para recuperar toda a queda do PIB em 2020 – de 4,1%, segundo o IBGE.

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