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Guerra na Ucrânia pode piorar ainda mais os problemas das montadoras, diz Anfavea

Lista de possíveis impactos inclui desde explosão em preço de insumos até alta nos juros no Brasil

Apesar de comemorarem a recente redução no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre veículos, as montadoras estão preocupadas com os impactos que a invasão da Ucrânia pela Rússia provocará sobre o setor. Na lista de potenciais problemas, estão o aumento dos preços de matérias-primas, entraves na cadeia logística e a alta da taxa básica de juros (Selic) para conter a inflação.

A avaliação foi feita pelo presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Autoveículos), Luiz Carlos Moraes, durante apresentação dos números da entidade para fevereiro. “A primeira preocupação é com as cotações das commodities, que explodem os preços de insumos. Temos impactos diretos e indiretos no setor, e estamos tentando entender a dimensão do problema”, afirmou.

De acordo com o executivo, as empresas ainda estão avaliando o impacto de uma eventual escassez ainda maior de semicondutores – parte do processo de produção de chips depende de um gás derivado de siderúrgicas russas, que é purificado na Ucrânia.

“Há especialistas dizendo que produtores de matéria-prima para semicondutores são de origem russa ou ucraniana. Não sabemos o impacto disso ainda, estamos falando com os fornecedores”, disse. “Outro problema é a cadeia logística, que já tinha sido alterada de forma relevante. Há possibilidade de novos problemas em fretes marítimos e aéreos, que temos usado para facilitar a entrega de componentes. Podemos ter problemas adicionais aí também”.

Ele se declarou ainda “muito preocupado” com a possibilidade de o Banco Central elevar ainda mais os juros para combater a inflação. “O Banco Central deve ter muita atenção na calibragem da taxa de juros”, disse. “Se errarem na dosagem, podemos ter um desastre de PIB [Produto Interno Bruto] neste ano”.

Desde o ano passado, por causa da pandemia de coronavírus, a associação vem apontando para as dificuldades de se encontrar semicondutores, um tipo de material capaz de conduzir correntes elétricas e que são matéria-prima para a fabricação de chips usados em veículos. “Há mais de dois anos estamos enfrentando a pandemia. Agora estamos saindo e temos que enfrentar um absurdo como esse”, declarou.

A entidade elogiou a redução de 18,5% no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para veículos, em vigor desde 1º de março, e afirmou que pode reduzir os preços entre 1,4% a 4,1% na ponta, dependendo do modelo (veja abaixo as estimativas da Anfavea).

Reprodução/ Anfavea

Produção 15% abaixo de 2021

A indústria automobilística registrou uma produção de 165,9 mil veículos em fevereiro, um crescimento de 14% na comparação com janeiro mas ainda bem abaixo do patamar do mesmo mês de 2021, quando foram produzidos 197 mil carros, ônibus e caminhões.

Ou seja, o setor produziu 15,8% a menos do que fevereiro do ano passado.

De acordo com a entidade, 129,3 mil veículos foram emplacados no mês passado, uma alta de 2,2% em relação a janeiro e uma queda de 22,8% na comparação com fevereiro de 2021.

“Havia uma demanda reprimida de locadoras. Nossa expectativa é entregar pelo menos 400 mil veículos neste ano. Por enquanto estamos um pouco abaixo por causa das restrições de componentes”, afirmou o presidente da Anfavea.

Já as exportações de veículos atingiram 41,4 mil unidades, crescimento de 49,6% na comparação com janeiro e alta de 25,4% em relação a fevereiro do ano passado. “Tivemos um bom mês para as exportações. Parte desse volume aconteceu porque não foi possível embarcá-los em janeiro, por causa das restrições causadas pela Ômicron”, explicou Moraes. “Esperamos que continuemos nesse ritmo, atendendo os contratos de exportações”.

 

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