O consumidor brasileiro com maior poder aquisitivo iniciou o ano de 2022 mais pessimista com o futuro. Pelo menos é o que mostra o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), que caiu 1,4 ponto em janeiro, para 74,1 pontos (o menor valor desde abril de 2021, quando estava em 72,5 pontos), depois de ter avançado 0,6 ponto em dezembro. Na comparação com o mesmo período de 2021, a queda foi um pouco maior, de 1,8 ponto.
Em médias móveis trimestrais, o índice cedeu 0,7 ponto, para 74,8 pontos, após ter se mantido relativamente estável no mês anterior.
Quando o indicador é analisado por faixa de renda, nota-se uma queda mensal entre os consumidores que ganham entre R$ 4,8 mil e R$ 9,6 mil (-2,9 pontos) e acima de R$ 9,6 mil (-3,6 pontos).
A direção é oposta à dos consumidores com renda mais baixa. Entre aqueles com valor até R$ 2,1 mil ao mês, a confiança cresceu 5,4 pontos de dezembro para janeiro e, entre aqueles com renda de R$ 2,1 mil a R$ 4,8 mil, a expansão foi de 2,1 pontos.
Segundo o FGV Ibre, a retomada do auxílio emergencial e uma percepção mais favorável sobre o mercado de trabalho parecem ter contribuído para a redução da distância entre a confiança dos consumidores de alta e baixa renda.
“A piora das expectativas com relação à situação econômica geral e às finanças familiares, no entanto, sugerem que a relativa satisfação com a situação corrente em janeiro pode ser temporária, havendo ainda muita incerteza quanto à evolução do endividamento das famílias de baixa renda. A mudança desse cenário continuará dependendo da recuperação do mercado de trabalho, controle da inflação, e redução da incerteza, num ano que se inicia com surto de Ômicron e Influenza e termina com as eleições”, ponderou, em nota, Viviane Seda Bittencourt, Coordenadora das Sondagens.
Futuro mais nebuloso
Em janeiro, a queda do ICC foi influenciada pela piora das expectativas para os próximos meses enquanto a avaliação sobre a situação atual se acomodou após dois meses consecutivo de queda.
O Índice de Situação Atual (ISA) subiu 0,5 ponto, para 66,1 pontos, enquanto o Índice de Expectativas (IE) caiu 2,7 pontos, para 80,7 pontos.
De acordo com o FGV Ibre, o indicador que mais influenciou o IE foi o que mede as expectativas sobre a situação econômica nos próximos meses. Após três meses de recuperação, o indicador caiu 4,5 pontos, para 99,6 pontos, abaixo do patamar de neutralidade.
O indicador que mede as perspectivas sobre a situação financeira familiar cedeu 0,9 ponto, para 84,6 pontos. O ímpeto de compras para próximos meses continuou em baixa pelo quinto mês consecutivo, de 2,5 pontos, para 60,3 pontos, o menor valor desde maio de 2021.
A edição de janeiro da Sondagem do Consumidor coletou informações de 1.465 domicílios entre os dias 1 e 22 deste mês. A próxima divulgação será feita em 22 de fevereiro.