Com juros altos e deflação, bancos preveem queda na concessão de crédito em julho, diz Febraban

Empréstimos direcionados, como financiamento imobiliário e rural, devem saltar 44,9% sobre maio

Foto: Shutterstock

Em um ambiente de juros altos, deflação e sazonalidade ruim para empresas, os novos empréstimos livres (ou seja, sem subsídios do governo) devem cair 5,6% em julho, de acordo com pesquisa da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) divulgada nesta segunda-feira (22).

Apesar disso, as concessões devem acumular crescimento de 26,9% no acumulado dos últimos 12 meses, uma expansão considerável que acontece a despeito dos sinais de aumento da inadimplência e da forte elevação da taxa básica, a Selic, que saltou de 2% ao ano, em março do ano passado, aos atuais 13,75%,

“A injeção de crédito na economia tem se mantido de forma bastante relevante, a despeito da elevação da taxa Selic e dos sinais de alta da inadimplência”, afirmou a federação no levantamento.

Segundo a entidade, o desempenho do crédito livre em julho, especificamente, reflete uma sazonalidade (fatores típicos de cada mês) ruim para os empréstimos a pessoas jurídicas. No caso do crédito a consumidores, a desaceleração tem a ver com a alta de juros e a queda de preços causada pela redução do ICMS de energia e combustíveis, que reduz o valor das operações.

“Para as famílias, o resultado já pode refletir tanto o impacto da política monetária mais restritiva, que afeta especialmente as linhas mais sensíveis aos juros, como financiamento de veículos, quanto da deflação no mês, que reduz o tíquete médio das operações”, disse a Febraban.

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No caso dos novos empréstimos com recursos direcionados (financiamento imobiliário, rural e através do BNDES), as concessões devem subir 44,9% sobre maio, em um ambiente estimulado pelos recursos do Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte) e recursos de crédito rural liberado a famílias.

“Os recursos destinados às empresas devem ser impulsionados pela reedição do Pronampe, com parte razoável dos recursos previstos para a rodada já liberado nos primeiros dias do programa (última semana de julho)”, apontou a Febraban. “Já os recursos direcionados às famílias devem ser impulsionados pelo crédito rural, estimulados pela preparação dos produtores para a safra 2022/2023.”

Entre crédito livre e direcionado, as concessões como um todo devem cair 0,4% em julho, na avaliação da entidade. O levantamento é feito através de pesquisa feita com instituições financeiras que representam, dependendo da linha de crédito avaliada, entre 38% a 88% do saldo total do sistema financeiro.

A pesquisa sempre é divulgada alguns dias antes da nota de crédito do Banco Central. Por causa da greve dos servidores do BC, que paralisou a divulgação por alguns meses, esses dados oficiais para medição do comportamento dos empréstimos estão atrasados, e só voltam a ser divulgados normalmente a partir de setembro.

Estoque em alta

No caso do estoque ou saldo de crédito (ou seja, todo o valor emprestado no sistema financeiro, incluindo empréstimos antigos e novos), a expectativa da Febraban é de avanço de 0,8% em julho.

“A carteira livre deve ser puxada pelas linhas atreladas ao consumo, ainda impulsionadas pela reabertura das atividades e recuperação robusta do mercado de trabalho”, afirmou a entidade.

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