A volta ao funcionamento de algumas fábricas que estavam paradas permitiu uma produção de veículos de 177,9 mil veículos no Brasil em outubro, número 2,6% maior do que setembro. Apesar desse pequeno alívio, outubro, que em geral é um mês aquecido para a indústria, registrou o pior resultado para o mês dos últimos cinco anos, segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Autoveículos).
Na comparação com outubro do mês passado, a queda foi de 24,8%, de acordo com a entidade, cenário causado pela falta de semicondutores, um tipo de material capaz de conduzir correntes elétricas, e que são matéria-prima para a fabricação de chips usados em aparelhos eletrônicos e também em veículos. Com a pandemia de coronavírus, houve uma forte redução global na produção desses componentes eletrônicos, o que vem afetando a indústria automobilística.
De acordo com a entidade, essa oferta só será normalizada em 2023. A Anfavea ainda alertou que a demanda deste fim de ano, tradicionalmente mais aquecida, poderá não ser atendida pela oferta.
“Os esforços das áreas de compras, logística e manufatura das montadoras merecem todos os elogios, mas infelizmente a demanda reprimida, somada ao tradicional aquecimento de fim de ano, poderá não ser atendida pela oferta”, afirmou o presidente da associação, Luiz Carlos Moraes, em nota de divulgação do levantamento.
Pior outubro também para emplacamentos
A queda na produção se refletiu diretamente nos emplacamentos de novos veículos: de acordo com a Anfavea, 162,3 mil veículos foram emplacados em outubro, 4,7% a mais que em setembro, mas queda de 24,5% na comparação com outubro de 2020 – o resultado também é o pior para o mês em cinco anos.
Ou seja, tudo o que é produzido é rapidamente absorvido pelo mercado. Já as exportações de veículos atingiram 29,8 mil unidades, alta de 26,1% na comparação com setembro e queda de 14,6% na comparação com outubro.
Na avaliação da equipe de análise macroeconômica do BTG Pactual Digital, o cenário não deve melhorar tão cedo.
“As expectativas são de normalização da dinâmica produtiva apenas em 2023, o que deve seguir impactando importantes indicadores de atividade econômica, como a produção industrial e o varejo ampliado. Além disso, as expectativas de uma maior taxa Selic [taxa básica de juros] deve dificultar os novos financiamentos, podendo deprimir a demanda no segmento”, avaliou o banco, em relatório.