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Petz (PETZ3): balanço animal confirma crescimento digital e recorrência; o que olhar no resultado?

Pioneira do mercado de pets na Bolsa brasileira e líder do segmento com apenas 6% do mercado, Petz quer mais

Foto: Divulgação

Pioneira do mercado de pets na Bolsa brasileira e líder do segmento com apenas 6% de participação de mercado, a Petz (PETZ3) quer mais. Os expressivos resultados no terceiro trimestre deste ano mostram que as avenidas de crescimento são relevantes. 

O balanço divulgado na última terça-feira (9) reforça a tese da empresa de que os canais digitais chegaram para ficar e que a recorrência de receita é um caminho para a estabilidade do crescimento da Petz. Tudo isso enquanto o segmento surfa de braçada.

Enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro teve queda de 4,1% em 2020, a indústria de produto pet registrou avanço de 13,5% na comparação com 2019, com faturamento total de R$ 40,1 bilhões. 

O fundador da Petz, Sergio Zimerman, já disse em algumas ocasiões que a crise econômica causada pela pandemia do coronavírus gerou oportunidades de ampliação dos negócios, como a aquisição da Zee.Dog neste ano.

Logo após completar um ano de sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), quando levantou R$ 3 bilhões, a empresa conseguiu reportar resultados acima da expectativa do mercado partindo de uma base forte. 

O lucro líquido subiu 56% em 12 meses, para R$ 26,63 milhões, justificando a reversão da tendência negativa das ações nos últimos dias. 

Segundo dados compilados pela Refinitiv, todos os seis analistas que acompanham a empresa recomendam compra. O mais otimista deles enxerga as ações valendo R$ 34, um upside de 54% sobre o patamar atual dos papéis, conforme mostra a plataforma do TradeMap

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Fonte: TradeMap

Preço esticado da Petz tem prazo de validade

Há quem compare a Petz com a Raia Drogasil (RADL3). Quando a empresa de farmácias chegou ao mercado, navegava sozinha, pois era a única do segmento na B3. 

Por anos a fio, a empresa negociou com múltiplos altos e, em função da boa execução de seus projetos, o retorno é de 841% desde o IPO, realizado no fim de 2011.

Hoje, a Petz negocia a assustadores 387 vezes o lucro dos últimos 12 meses.

Isso significa que, em tese, o investidor que confiasse seu capital à companhia hoje, teria o retorno do investimento só depois de três séculos, em forma de lucro por ação (LPA), na hipótese de que a empresa não crescerá.

Aí que está o ponto. A projeção de crescimento é fortíssima. Segundo os dados compilados pela Refinitiv, é esperado que o LPA da Petz seja de R$ 0,40 em 2022. Ou seja, a empresa negocia atualmente a aproximadamente 55 vezes os lucros projetados para o ano que vem.

Não é exatamente uma barganha, mas é um múltiplo palatável dada a possibilidade de avanço operacional, ganho de mercado e crescimento do setor.

A despeito das quedas recentes , as ações da Petz responderam bem ao balanço de ontem, subindo 12% nas últimas duas sessões. A empresa vale R$ 8,66 bilhões na Bolsa. 

Foto do trimestre da Petz

(EM MILHÕES) 3T21 3T20 VARIAÇÃO
RECEITA BRUTA TOTAL R$ 641,58  R$ 450,16  +42,5%
RECEITA BRUTA DIGITAL R$ 198,76 R$ 114,78 +73,2%
EBITDA AJUSTADO R$ 67,15  R$ 46,84  +43,4%
LUCRO LÍQUIDO R$ 26,63  R$ 17,06  +56,1%

Fonte: Empresa

Petz todo mês

Em um setor relativamente novo, uma das principais procuras dos líderes de um negócio é gerar certa estabilidade dos resultados. Para uma empresa com capital aberto, isso cria a sensação de segurança sobre o que esperar e diminui a volatilidade dos números, com a criação da recorrência de receitas. 

A Petz fez isso com a criação de sua assinatura. Por incrível que pareça, o serviço em si é gratuito, mas representou 23% da receita bruta total em setembro. Esse percentual era de 20%, em junho, e de 15%, em dezembro. Hoje, são mais de 230 mil clientes cadastrados. 

No serviço, os “pais de pet” definem a frequência para receber os itens comprados, sem restrições. Quem adere ao programa leva para casa alguns bônus, como descontos e frete grátis. 

Além do aspecto prático, de mitigar a possibilidade de variações bruscas no balanço e se tornar uma nova rede de vendas, o programa de assinatura colabora para a fidelização dos clientes. 

Como em todo e qualquer serviço, ser bem atendido, com suas mais variadas necessidades sendo atingidas de maneira assertiva, traz satisfação e cria um certo efeito de rede. Fica mais difícil deixar de utilizar a plataforma, com a tendência de crescimento do Net Promoter Score (NPS). 

O churn, que nada mais é do que a taxa de rotatividade ou taxa de cancelamento dentro da base de assinantes, não preocupa. Segundo a Petz, o número (não divulgado) está no menor patamar dos últimos 12 meses. 

Saldo da digitalização é amplamente positivo

Entre julho e setembro deste ano, a empresa teve um forte crescimento, de aproximadamente 75%, no faturamento auferido exclusivamente pelos canais digitais – sendo que 65% foram feitos pelo app. 

Os quase R$ 200 milhões são reflexo dos 950 mil usuários ativos no aplicativo e da prática da promessa da empresa desde sua abertura de capital de investir em tecnologia e escalar os negócios por meio dos canais não-presenciais. 

Esse avanço chegou com um custo, é claro. 

A margem bruta no terceiro trimestre ficou em 40,5%, uma redução de 0,9 ponto percentual na comparação em um ano. Isso é resultado do aumento da penetração digital, que atingiu a marca recorde de 31% da receita bruta total, pois possui margens inferiores às do canal físico. 

O segmento de Alimentos, dentro da venda de produtos, também pesou sobre as margens. Assim como acontece com os supermercados, a inflação é uma pedra no sapato. 

Com o preço das commodities e o dólar em alta, os principais ingredientes para a ração de animais se tornam mais custosos, demandando mais cuidado no repasse dos preços aos clientes. 

Com as expectativas para a inflação prolongando-se para 2022, é um tema para acompanhar de perto. Contudo, o avanço digital na Petz era um objetivo, que está sendo alcançado e, por ora, tem um saldo positivo. 

Diversificação e crescimento orgânico prometidos aparecem

“Pretendemos ampliar nossa rede de lojas de forma a abrirmos mais lojas padrão em praças onde operamos, além de novas praças.”

Essas foram as palavras da Petz em seu prospecto arquivado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), antes da estreia na Bolsa. Promessa é dívida.

A companhia tem conseguido cumprir as expectativas e as entregas estimadas aos investidores. À época, eram 110 lojas em 13 estados brasileiros, além do Distrito Federal.

Foto/Reprodução: Petz
Foto/Reprodução: Petz

Hoje, são 153 unidades, sendo que 10 foram inauguradas no terceiro trimestre deste ano. A concentração dessas lojas em São Paulo caiu dez pontos em dois anos, para 58%. 

Nesse sentido, os resultados orgânicos, que já começaram a aparecer, ainda estão incompletos. Uma em cada quatro lojas ainda está no primeiro ano de operação, ainda não tendo atingido o potencial de faturamento esperado. 

A “bucha” fica com as as unidades que entram para a conta das vendas nas mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês), que contemplam as unidades com mais de 12 meses de vida e são importantes para a mensuração da recorrência dos clientes nas lojas, fidelizando-os. 

Nessa linha, o resultado também foi bom, crescendo 21,8% na comparação anualizada. No acumulado dos nove primeiros meses deste ano contra o mesmo período de 2020, a alta ainda é mais relevante: 30,2%. 

Além disso, a empresa anunciou hoje que fará uma oferta de 41 milhões de ações, que deve precificar na semana que vem. A estimativa é que R$ 854 milhões entrem nos cofres para a abertura de novas lojas e hospitais. 

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