Após semanas de impasse, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, finalmente fechou o nome para comandar o Ministério do Planejamento, que será recriado a partir de 2023, ao mesmo tempo em que definiu o destino de Simone Tebet no seu governo.
Futuro ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha confirmou ontem que a senadora do MDB aceitou o convite de Lula e assumirá a pasta, de perfil muito mais econômico do que político. Extinto em 2019, o Planejamento traçava planos estratégicos para a administração governamental, organizava custos e analisava a viabilidade de projetos, entre outros pontos.
Dessa forma, Tebet, que se define como liberal na economia, formará uma dobradinha com Fernando Haddad, futuro ministro da Fazenda com visão mais desenvolvimentista, na equipe econômica.
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O comentarista Gerson Camarotti, da Globonews, afirmou que durante conversa com a senadora, Lula declarou que será o árbitro de eventuais divergências. “Quando não for possível um consenso, vocês trazem para mim que eu decido”, teria dito o presidente eleito.
O mercado tentará determinar qual será a influência de Tebet no novo governo – o anúncio do seu nome deve acontecer nesta quarta-feira (28), e ainda se especula se o Planejamento será “engordado” com uma gestão compartilhada com a Casa Civil do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos).
Apesar dos investidores defenderem um nome de perfil mais técnico para o comando do Planejamento, a avaliação é que a senadora pode ser um contraponto importante para garantir uma política fiscal mais responsável.
Desoneração de combustíveis e receita subestimada
Nesta última semana de 2022, Haddad vem conversando com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para que o governo não prorrogue a isenção de impostos federais sobre combustíveis.
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Ontem, o futuro ministro afirmou que Guedes concordou em não tomar ações que impactem o governo Lula, como a renovação da desoneração. Se Lula decidir acabar com as isenções, poderia garantir R$ 52,9 bilhões a mais de arrecadação ao novo governo, segundo a colunista Adriana Fernandes, do Estadão.
De acordo com a jornalista, a equipe de transição avalia que a receita para 2023 está subestimada em pelo menos R$ 50 bilhões, o que também pode reduzir o déficit primário do governo Lula.
Caged de novembro
Os investidores ainda acompanham a divulgação do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) de novembro, dado que será informado às 9h30 pelo Ministério do Trabalho e Previdência.
O desempenho do emprego com carteira assinada no final do ano ajudará a determinar até que ponto o mercado de trabalho ainda está aquecido, e se ainda está gerando pressões inflacionárias no Brasil.
A taxa de desemprego medida pelo IBGE referente ao mês passado só será informada em janeiro. O órgão adiou a divulgação para conseguir realizar a coleta do Censo Demográfico de 2022.
Bolsas gringas operam em leve alta
As bolsas internacionais operam em leve alta na manhã desta quarta-feira, enquanto avaliam os anúncios de flexibilização das restrições à circulação na China, que podem impulsionar o crescimento da segunda maior economia do mundo.
Por volta das 8h30, os índices futuros americanos operavam no azul: o Dow Jones subia 0,24%, o S&P 500 avançava 0,16% e o Nasdaq ganhava 0,08%. O índice europeu Euro Stoxx 50 estava praticamente estável, em alta de 0,039%.