Tem dúvidas sobre quais passos dar para deixar as contas organizadas ou está com algum receio em relação a determinado investimento?
Lidar com o dinheiro sempre suscita certa insegurança, mas com conhecimento é possível tomar a decisão mais inteligente para encarar o universo financeiro, seja na hora de investir, economizar ou se planejar.
E se precisar de uma ajuda, é só enviar sua pergunta para o e-mail [email protected] que a coluna TradeMap Explica vai esclarecer todas as suas dúvidas sobre finanças pessoais e investimentos.
Posso abrir uma conta para o meu filho investir?
Quem tem filhos ou é responsável por uma criança sabe que esse é um compromisso de longo prazo. Nesse caso, é natural pensar em poupar para garantir os planos futuros, como o pagamento da faculdade ou a aquisição de algum bem.
E essa reserva pode, sim, ser feita diretamente no nome da criança, embora a conta precise ser aberta pelo responsável legal. É esse adulto quem irá operar a conta ou, no mínimo, monitorar.
Outra opção é o responsável fazer uma conta em seu nome e dirigir a ela apenas os investimentos destinados à criança. A finalidade das duas contas é a mesma, mas há uma diferença que os pais devem ter em mente.
Carlos Eduardo Costa, consultor financeiro do Banco Mercantil, explica que, se os investimentos estiverem em nome do responsável, em caso de falecimento, os recursos investidos irão entrar no inventário, somando-se a outros bens.
Em um caso hipotético, se um pai tiver reservado R$ 100 mil para a faculdade de seu único filho e não tiver deixado um testamento, o recurso vai fazer parte do inventário e ser dividido com outros herdeiros legais, como o cônjuge.
Além disso, há ainda a possibilidade de cobrança do imposto sobre heranças (ITCMD), que, no Brasil, tem uma alíquota que varia entre 2% e 8%, a depender do estado.
“Esses recursos vão para o inventário e ainda tem o ITCMD. Se a conta de investimento já está no nome da criança, a única coisa que ocorre é a necessidade de troca do responsável”, diz o consultor, em menção à possibilidade de morte.
Criança também pode investir?
Não há idade mínima da criança para abertura da uma conta em seu nome. Algumas plataformas digitais já oferecem, além de uma conta para movimentação, a opção de investimentos para esse público. É o caso da conta Kids, do banco Inter (INBR31), que oferece instrumentos de renda fixa ou o acesso a fundos de investimento.
Por ser uma conta para menor de idade, há algumas limitações. Quando ela é feita em instituções que também oferecem crédito, o serviço não estará disponível para os menores de 16 anos. Os maiores de 16 anos podem ter crédito, mas é preciso comprovar renda e segue sendo necessária a autorização dos pais para a adesão.
Para quem quer ter acesso a um leque maior de investimento para os filhos, há também a opção da abertura de uma conta em uma corretora, nos mesmos moldes das exigências de bancos.
A coordenadora de varejo da Guide Investimentos, Mayra Lima, afirma que há clientes que depositam valores mensalmente e fazem a escolha das ações ou outros investimentos juntos com os filhos, como uma forma de estimular também a educação financeira.
“Alguns pais fazem isso para dar mais autonomia aos filhos, dar um exemplo prático e que os estimule na educação financeira”, conta.
Resgates só podem ser feitos após os 18 anos?
Outra dúvida de quem quer investir em nome dos filhos é em relação à movimentação dos recursos. Embora os ativos estejam em nome dos filhos, é possível que eles sejam resgatados antes de a criança completar 18 anos.
A informação é importante porque, embora o objetivo seja investir para o futuro, é possível que se faça algum investimento equivocado e o melhor seja vendê-lo. Afinal, ninguém quer dar de presente aos filhos um mico.
Costa, do Mercantil, lembra que há uma vantagem em traçar um tipo de objetivo financeiro para os filhos, que é o tempo.
“Quanto mais cedo começar, mais dinheiro será possível juntar e com menos esforço”, diz.
Outra vantagem é poder ter uma carteira de maior risco, já que há mais tempo para que um determinado investimento obtenha a performance esperada.
“A criança tem o tempo a seu favor, então pode ter mais ações. Toda a construção da carteira, no entanto, é de responsabilidade dos pais”, diz Lima, da Guide.
E quando a criança estiver da maioridade, a carteira deverá ser migrada gradualmente para opções mais conservadoras, para evitar riscos de perda em caso de necessidade dos recursos.
A B3 contabiliza 27,3 mil contas de investidores com até 15 anos de idade. Juntos, possuem R$ 700 milhões em investimentos, o equivalente a 0,14% dos R$ 490,6 bilhões sob custódia na Bolsa.