O Itaú BBA reduziu as previsões para a inflação no Brasil neste ano e no próximo, mas continua esperando taxas acima do teto da meta do Banco Central e acha que os juros só começarão a cair no segundo semestre de 2023.
A previsão do banco para a inflação em 2022 diminuiu de 6,0% para 5,5%. O corte reflete a perspectiva de um maior repasse da alíquota reduzida de ICMS sobre serviços de telecomunicação (de 25% para aproximadamente 70%) e maior desaceleração nos preços de bens e serviços. Outra premissa é de que não haverá mais nenhum corte nos preços da gasolina no Brasil.
O Itaú BBA diz ainda que a inflação pode ficar abaixo da previsão atual caso a Justiça determine que as tarifas de uso dos sistemas de transmissão e distribuição de energia elétrica (Tust e Tusd) devem ser removidas da base de cálculo do ICMS das contas de luz.
A alta de preços também pode ficar aquém do esperado se houver mais cortes nos preços dos combustíveis e a depender do grau de impacto da Black Friday nos preços dos produtos.
A previsão para a inflação em 2023 também caiu, de 5,3% para 5,0%. Neste caso, o que puxou a projeção para baixo foi a expectativa de um aumento menos intenso nos preços administrados, como os de planos de saúde, e em produtos como metais básicos, dada a normalização de estoques e queda de utilização de capacidade na indústria.
O Itaú BBA, porém, ressalta que a estimativa de inflação pode variar tanto para mais quanto para menos.
“De um lado, há espaço para maior acomodação dos preços de commodities (industriais e agrícolas), principalmente considerando um cenário de menor crescimento global”, diz o banco em relatório. Por outro, a chance de aumento de impostos para financiar a alta nas despesas públicas no ano que vem pode puxar a inflação para cima.
“Além disso, uma trajetória de atividade mais forte com mercado de trabalho apertado e um câmbio mais depreciado também representam um risco altista para a projeção”, acrescentou.
A meta de inflação para o Banco Central em 2022 é de 3,5% ao ano, com teto em 5,0%. Para 2023, o objetivo é uma inflação de 3,25% ao ano, com teto em 4,75%. A leitura mais recente sobre a inflação no Brasil, referente a agosto, mostra uma taxa de 8,73% no acumulado em 12 meses.
Juros podem demorar para cair, segundo Itaú BBA
Embora tenha reduzido as previsões para a inflação, o Itaú BBA continua esperando que a Selic, a taxa básica de juros, só vai começar a cair na segunda metade de 2023.
O banco justifica esta perspectiva afirmando que ao comparar o cenário atual com o que ocorreu em outros cinco episódios anteriores de corte de juros no Brasil – nos anos de 2005, 2009, 2011, 2016 e 2019 -, só seria possível baixar os juros e devolver a inflação à meta caso o corte acontecesse a partir do terceiro trimestre de 2023.
No entanto, o Itaú BBA pondera que a redução da Selic pode vir antes, no segundo trimestre de 2023, se a atividade econômica piorar (com taxa de desemprego perto de 12%, ante 10,1% esperado para 2023) e se o real se valorizar, com a taxa de câmbio caindo para perto de R$ 4,50 a 5,00 por dólar, ante previsão atual de R$ 5,50 para 2023.
A diminuição dos juros poderia levar mais tempo se o desemprego em 2023 ficasse perto de 9,0% ou se o real se desvalorizasse mais, para perto de R$ 6,00 por dólar.