Magazine Luiza (MGLU3) dispara, puxa alta do varejo na Bolsa e ajuda a evitar queda do Ibovespa

Enquanto petrolíferas e mineradoras acompanham queda das commodities, varejistas se beneficiam de votação da PEC dos benefícios

Foto: Shutterstock

O Ibovespa tenta se manter no patamar dos 98 mil pontos na tarde desta terça-feira (12). De um lado, o índice é pressionado por empresas ligadas a commodities metálicas e ao petróleo, e do outro impedido de cair pelo forte avanço de ações do setor varejista.

Às 13h15, enquanto o Ibovespa subia 0,19%, para 98.399 pontos, entre os componentes do índice a 3R Petroleum (RRRP3) liderava as perdas, com queda de 5%. Além dela, outra petrolífera que recuava com intensidade era a Petrobras (PETR3 -1,99%; PETR4 -1,50%)

Esses papéis acompanham a queda de mais de 6% no preço do petróleo no mercado internacional, para perto de US$ 100 o barril. O movimento reflete a percepção crescente dos investidores de que a demanda pela commodity deve perder força por causa das medidas de bancos centrais para resfriar a economia e conter a inflação.

A isso, se somam notícias de que os casos de Covid-19 estão crescendo na China, o que pode levar o governo do país a adotar medidas que restrinjam a movimentação de pessoas – a exemplo do que ocorreu em abril e maio -, prejudicando a atividade econômica e a demanda por matérias-primas.

Outra commodity que viu seus preços caírem la fora é o minério de ferro. Na bolsa de Dalian, na China, a tonelada do produto ficou 4,97% mais barata e agora é negociada a 707 iuanes, o equivalente a US$ 105,05. Como resultado, parte das empresas ligadas ao produto também recuavam.

Apesar disso, Vale (VALE3), que sozinha responde por cerca de 15% do Ibovespa, subia 0,19%, o que ajudava o índice a “respirar”. CSN (CSNA3) recuava 0,49% e Bradespar (BRAP4) apontava em 1,36% para baixo.

“A queda de hoje e dos últimos dias é causada por incertezas vindas de fora do país. Isso porque a China é uma peça fundamental na evolução de abastecimento de cadeias produtivas”, avalia Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora.

Na China, o movimento dos principais índices acionários também foi de baixa. O CSI 300 recuou 0,9% enquanto o Hang Seng perdeu 1,3%.

Além das petrolíferas e das mineradoras, outras companhias que caíam com intensidade eram SLC Agrícola (SCLE3), B3 (B3SA3) e Carrefour (CRFB3). Respectivamente, os papéis desvalorizavam 2,96%, 2% e 1,64%.

Varejo na ponta positiva

Do outro lado do Ibovespa, Magazine Luiza (MGLU3) subia 13,3%, Americanas (AMER3) ganhava 9,93%, Via (VIIA3) crescia 12,02% e Natura (NTCO3) apontava em 8,66% para cima.

Para Velloni, a votação da PEC dos Benefícios – que será votada nesta terça na Câmara e pretende elevar o valor do programa de transferência de renda Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 mensais – ajuda essas empresas.

Isso porque, na teoria, os recursos a mais aumentam o poder de compra da população. “Vimos um movimento parecido no começo da pandemia. Com a aprovação do auxílio, essas empresas subiram na Bolsa”, avalia o economista-chefe.

Porém, nem tudo são flores. O custo da medida, que deve ser aprovada com facilidade pelos deputados, é de mais de R$ 40 bilhões até o final de 2022 fora do teto de gastos, mecanismo que limita as despesas públicas à inflação do ano anterior e que é a âncora fiscal do país.

Além da mudança no Auxílio Brasil, a PEC quer instituir um auxílio de R$ 1.000 a caminhoneiros e amplia o vale-gás em ano eleitoral.

“O grande ponto é saber lá na frente como lidar com esse gasto público. É isso que coloca o mercado com a pulga atrás da orelha. O próximo governo, seja ele qual for, vai ter que ‘arrochar’ o gasto público para cobrir o endividamento”, avalia Fabrizio Velloni. 

O mercado seguirá com lupa a votação e as discussões em torno da proposta. Ao lado da chance de recessão global por causa do aumento de juros nos Estados Unidos, o risco fiscal vêm valorizando o dólar e reduzindo o volume financeiro na Bolsa.

Bolsas internacionais

Fora do Brasil as bolsas também operam em leve alta. Nos Estados Unidos, Dow Jones subia 0,34%, S&P 500 ganhava 0,15% e o índice Nasdaq valorizava 0,14%. Por lá, o mercado continua a monitorar riscos com inflação alta e recessão global.

Na Europa, os mercados acionários subiam perto do horário de fechamento — Euro Stoxx 50 ganhava 0,39%, o DAX avançava 0,45% e o FTSE 100 apontava em 0,20% para cima.

Compartilhe:

Mais sobre:

Leia também:

Mais lidas da semana

Uma newsletter quinzenal e gratuita que te atualiza em 5 minutos sobre as principais notícias do mercado financeiro.