Os investidores acompanham nesta quarta-feira (6) a divulgação da ata da última reunião do Fomc, colegiado de política monetária do Federal Reserve (banco central dos EUA), enquanto continuam monitorando o risco fiscal representado pela PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos Benefícios.
O documento do Federal Reserve sai às 15h. Na reunião, há duas semanas, o colegiado do Fed acelerou o ritmo de aumentos na taxa básica americana para 0,75 ponto. A expectativa do mercado é de sinalizações sobre o que vem pela frente, com o detalhamento das projeções dos membros do Fomc para juros, inflação e atividade econômica.
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Os mercados financeiros internacionais operam mistos na manhã de hoje, à espera do documento e repercutindo informações de novas rodadas de testagem de Covid-19 em Xangai, na China. O temor é que a segunda maior economia do mundo tenha que ampliar os lockdowns no país.
Por volta das 8h, o Dow Jones caía 0,06%, o S&P 500 recuava 0,09% e o Nasdaq estava em queda de 0,11%. No mesmo horário, o Euro Stoxx 50 subia 1,77%.
Por que isso importa?
Juros mais altos nos EUA retiram a atratividade de ações ou de papeis de países emergentes, como o Brasil. Em meio à maior inflação em quatro décadas, o mercado teme que o Federal Reserve seja obrigado a elevar os juros de forma agressiva, contratando uma recessão da economia. Como a política monetária do Fed tem duplo mandato (inflação e pleno emprego), os dados de mercado de trabalho americano também são acompanhados com atenção.
PEC na comissão
Os investidores ainda acompanham a tramitação na Câmara da PEC dos Benefícios, que eleva o Auxílio Brasil, cria um auxílio a caminhoneiros e eleva o vale gás. O texto foi aprovado no Senado na semana passada e será votado na comissão especial nesta quarta.
O presidente da Câmara, Arthur Lira, conseguiu impedir que o relator do texto na Câmara, deputado Danilo Forte (União Brasil – CE), incluísse um “vale Uber” no texto. Mesmo assim, o custo das medidas até o final do ano será de mais de R$ 40 bilhões fora do teto de gastos, o que vem preocupando o mercado e elevando os juros futuros.
Apesar dos benefícios em tese serem temporários, com validade somente até dezembro, é muito difícil que sejam retirados no ano que vem, seja qual for o novo presidente da República em 2023 – é por isso que essa discussão vem fazendo preço no mercado, com os contratos futuros de juros subindo ontem durante todo o pregão.
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Por que isso importa?
Quando o risco de descontrole das contas públicas de um país se eleva, investidores passam a pedir taxas de juros maiores lá na frente para comprar seus títulos públicos – ou, de forma mais simples, para emprestar dinheiro ao governo. Isso tende a reduzir o valor das ações de empresas negociadas em Bolsa e a desvalorizar o real.