Conforme os dias passam, a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) aprovada na semana passada no Senado, que eleva o Auxílio Brasil e cria auxílio a caminhoneiros, tem chance cada vez maior de ser “engordada” com mais benefícios na sua tramitação na Câmara.
Os apelidos para a proposta são vários (PEC Kamikaze, dos Benefícios, dos Auxílios e das Bondades são alguns deles), mas o efeito sobre as contas públicas é um só: elevação de mais de R$ 40 bilhões de gastos em 2022 fora do teto de gastos, mecanismo que é considerado a âncora fiscal do país, limitando o aumento de despesas à inflação do ano anterior.
O relator do texto na Câmara, deputado Danilo Forte (União Brasil – CE), quer agora incluir uma espécie de “vale Uber” no texto, criando um auxílio a motoristas de aplicativo que poderia levar o custo da PEC à casa dos R$ 50 bilhões.
Apesar dos benefícios em tese serem temporários, com validade somente até dezembro, é muito difícil que sejam retirados no ano que vem, seja qual for o novo presidente da República em 2023 – é por isso que essa discussão vem fazendo preço no mercado, com os contratos futuros de juros subindo ontem durante todo o pregão.
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Contra essa possibilidade, está a oposição do Ministério da Economia, que batalha para impedir a inclusão de novas benesses no texto, e a pressa do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que quer votar o texto na Câmara ainda nesta semana.
Por que isso importa?
Quando o risco de descontrole das contas públicas de um país se eleva, investidores passam a pedir taxas de juros maiores lá na frente para comprar seus títulos públicos – ou, de forma mais simples, para emprestar dinheiro ao governo. Isso tende a reduzir o valor das ações de empresas negociadas em Bolsa e a desvalorizar o real.
Produção industrial
Logo mais, às 9h, o IBGE informa os dados do comportamento da produção industrial em maio.
A expectativa do mercado vai de um avanço entre 0,5% (avaliação da mediana dos analistas ouvidos pela Broadcast) a 0,7% (para os especialistas consultados pela Reuters).
O número será acompanhado com atenção pelos investidores, já que podem confirmar um aquecimento maior que o esperado da atividade econômica no segundo trimestre. A retomada da demanda represada no pós-pandemia e as medidas de estímulo à economia tomadas pelo governo Bolsonaro vêm impulsionando o mercado de trabalho, com a taxa de desemprego caindo para 9,8% em maio.
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Bolsas internacionais
Na volta do feriado do Dia da Independência nos Estados Unidos, e à espera da divulgação amanhã da ata da última reunião de juros do Federal Reserve, os índices futuros americanos operam no vermelho na manhã desta terça-feira (5).
Por volta das 7h50, o Dow Jones caía 0,43%, o S&P 500 recuava 0,46% e o Nasdaq estava em queda de 0,61%. No mesmo horário, o Euro Stoxx 50 perdia 0,72%.
Live de renda fixa
A taxa básica de juros, a Selic, está em 13,25% ao ano e deverá se manter em patamares elevados ao menos até meados de 2023. Inflação alta, temor de uma recessão global e risco fiscal no Brasil estão entre os fatores que justificam esses juros. Nesse cenário, quais são as melhores opções na renda fixa?
Para falar sobre o tema, a TradeLive desta terça-feira (5), às 19h, conta com as presenças de Felipe Dexheimer, gestor de fundos da XP Asset, e Francisco Levy, estrategista-chefe da Vitreo Wealth Management. Entre aqui e clique no ícone do sino para ser notificado de quando a conversa começar.